Jornalista disse que apresentador deu declaração sem conhecer a realidade das operações em comunidades
O jornalista Luiz Bacci criticou duramente as declarações de Luciano Huck sobre a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais na última terça-feira (28). Em vídeo publicado no Instagram, Bacci acusou o apresentador da Globo de estar “defendendo bandido” ao comentar o episódio durante o Domingão com Huck.
No programa, Huck classificou a ação como uma “tristeza”, afirmando que vê o mesmo modelo de segurança pública “se repetir há décadas sem nenhum resultado” e que “120 mães enterraram seus filhos” após a operação. Bacci rebateu as falas e disse que prefere ficar do lado “das mães dos inocentes que choram até hoje por terem perdido seus filhos nas mãos da facção”.
– Eu não vou romantizar o crime, não vou romantizar o sofrimento das mães desses traficantes. Prefiro ficar do lado das mães dos inocentes que choram até hoje por terem perdido seus filhos nas mãos da facção. Não precisa ser exatamente esse traficante que morreu porque até agora só tem bandido. Entenda, Luciano Huck, é só bandido, só vagabundo – declarou.
Em outro trecho, Bacci ironizou o posicionamento de Huck e disse que o apresentador fala sem conhecer a realidade das comunidades afetadas pela violência.
– É fácil falar da tua casa lá no alto do Joá, tua mansão, cercada de seguranças, de blindados. Nunca pôs o pé numa favela para conhecer a realidade. Toda vez que você entrou numa favela, o tráfico sabia que ia ter gravação, por isso você não viu um fuzil na favela, provavelmente – completou.
SOBRE A FALA DE HUCK
Durante o programa Domingão com Huck, na TV Globo, no último domingo (2), Huck dedicou parte do encerramento da atração para comentar a megaoperação realizada no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes nos complexos do Alemão e da Penha. Em um discurso de cerca de três minutos e meio, ele afirmou que o combate ao narcotráfico deve ocorrer “com força total”, mas ressaltou que é necessário mais do que ações policiais.
– É preciso gerar oportunidade. Dar perspectiva para quem nasce nesses recortes da cidade do Rio de Janeiro. Oferecer boas referências, abrir caminhos, mostrar que existem outros futuros possíveis. Porque, quando o Estado se ausenta, outro poder ocupa esse lugar. E é justamente isso que precisa mudar – disse.
O apresentador também disse que a maior parte dos moradores das comunidades é refém da violência, e não cúmplice dela.
– Quem lucra de verdade com a criminalidade não está no Complexo do Alemão e nem na Penha. Aqueles fuzis, aqueles drones, aquelas armas de guerra não foram fabricados ali e não chegaram ali sozinhos – apontou.
Ao final, o apresentador se dirigiu às famílias dos policiais mortos durante a operação e reafirmou seu apoio à “boa polícia”.
– Eu acredito na polícia pelos seus melhores exemplos e não pelas suas exceções. Os quatro policiais mortos em combate saíram de casa pra trabalhar e não voltaram. Essa também é uma parte devastadora dessa história. Eu espero que no futuro a gente não precise mais falar sobre isso desta forma. Nós, brasileiros, queremos paz e segurança – completou.
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