Após exoneração, ex-administrador de Samambaia processa líderes comunitários
Demissão de Willian Lima da Silva ocorre após agressões entre servidores e liderança comunitária. Grupo cobrava melhorias na região do DF.
Por Carolina Cruz e Laura Tizzo, G1 e TV Globo
Moradora de Samambaia agride funcionário da administração da cidade
O ex-administrador de Samambaia, Willian Lima da Silva, afirmou ao G1, nesta quinta-feira (26), que abriu um processo judicial contra líderes comunitários da região. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), oficializou a demissão do administrador na quarta-feira (25), após desentendimento público entre servidores e moradores de Sammabaia.
Gustavo Aires, vice-presidente do MDB, que ocupava o cargo de secretário Executivo das Cidades, ligado à Casa Civil, assume a Administração Regional (leia mais abaixo).
Um grupo de líderes comunitários de Samambaia vinha cobrando melhorias na região. Na manhã de terça-feira (24), eles chegaram a fixar faixas próximo à Administração, reivindicando providências. Ao tentar retirar o material, um servidor foi agredido por uma das manifestantes. (veja vídeo acima).
A reportagem entrou em contato com a liderança comunitária, que alega ter sido ignorada pela administração nos últimos meses. Segundo eles, Willian negava o diálogo.
O administrador, por sua vez, afirmou que recebia o grupo e questionou a representatividade.
“Era um movimento de no máximo seis pessoas, que queriam algum cargo ou queriam algo mais. Se reuniram e fizeram manifestos durante da minha gestão”, afirma o administrador.
O processo contra a liderança comunitária acusa o grupo de calúnia, difamação e agressão moral. “Vou até o fim com o processo. Os problemas não são de agora não, ocorre há meses”, disse Silva.
Sem aviso prévio
Faixas fixadas próximo à Administração Regional de Samambaia pede melhorias — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
De acordo o ex-administrador, a notícia da demissão foi dada “por um amigo da Administração” e até a manhã desta quinta-feira (26) o governador Ibaneis ainda não tinha entrado em contato com ele.
“Eu imagino que o governador tenha tomado essa decisão para evitar o aumento da violência dos líderes comunitários. Eu tenho que acreditar que foi por um bem maior. Mas ainda não estive com ele [Ibaneis].”
Questionado pelo G1, o Governo do Distrito Federal (GDF) não detalhou a motivação da exoneração.
“A Casa Civil do Distrito Federal informa que os cargos comissionados são de livre provimento e que as nomeações e/ou exonerações são prerrogativas do Governador”, diz nota.
Willian Lima da Silva destacou que fez uma gestão “curta” mas “produtiva”. Entre as benfeitorias, ele cita a operação tapa-buraco, no início de setembro, e a inauguração do Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) Bambu, em agosto.
Entenda o caso
A briga entre os funcionários da Administração e a líder comunitária, Zuíla Fonseca – que foi candidata a deputada distrital pelo PTB – foi registrada em um vídeo que circula nas redes sociais. Nas imagens, ela usa uma faixa com estacas de madeira para agredir um servidor.
A discussão ocorreu após funcionários retirarem faixas de protesto contra a Administração, fixadas próximo à sede do órgão. De acordo com o administrador, o objetivo era apenas cumprir a legislação, que proíbe a prática.
Regras para uso das faixas
De acordo com a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal), a fixação das faixas no chão é proibida. Manifestações com o uso desse tipo de material é permitida apenas se o objeto estiver sendo segurado ou em local móvel.
“A Secretaria DF Legal informa que a fixação de qualquer faixa em área pública é irregular. O Direito de Protesto é protegido pela Constituição Federal, mas o cidadão deve segurar a faixa. O conteúdo não é levado em consideração. Porém, a secretaria utiliza-se dele para localizar o infrator.
Em nota, a Administração Regional de Samambaia afirmou que garante a democracia nos protestos, desde que sigam a lei. Veja a íntegra da nota:
“A Administração Regional de Samambaia informa que sempre preza pelo diálogo e pela busca de ações em harmonia com a comunidade. O fato ocorrido não representa os moradores da cidade, mas sim, de um pequeno grupo de manifestantes usando de forma irregular o local público, fixando faixas com frases de ofensa”.
Novo administrador
Willian Lima da Silva será substituído por Gustavo Aires, que estava ocupando o cargo de secretário Executivo das Cidades, ligado à Casa Civil. No cargo, ele atuava na articulação das políticas públicas executadas pelas administrações regionais, de acordo com informações do GDF.
Aires é vice-presidente do MDB desde março de 2017. Antes de atuar no governo de Ibaneis, ocupou o cargo de assessor especial do então vice-governador Tadeu Filippelli (MDB), na gestão de Agnelo Queiroz (PT).
Do G1