Exército israelense disse que ataques ocorrem “em resposta a meses de ataques contínuos do regime do Irã”
Fortes explosões foram ouvidas na madrugada deste sábado (26, data local) em Teerã, indicou a imprensa estatal do Irã, onde o Exército israelense lançou “ataques de precisão” contra alvos militares em resposta às ações de seu arqui-inimigo e seus aliados contra Israel.
“Ouviu-se o ruído de fortes explosões procedentes dos arredores de Teerã. A origem desses ruídos ainda não está clara”, disse um apresentador da televisão estatal iraniana.
Alguns se devem “à atividade do sistema de defesa aérea”, assinalou posteriormente a emissora, citando fontes de segurança.
Um jornalista da AFP no local também ouviu fortes detonações. Segundo a agência oficial de notícias Irna, as primeiras explosões aconteceram por volta das 2h15 locais (19h45 da sexta-feira em Brasília), sobretudo no oeste da capital.
Em comunicado, o Exército israelense disse que, “em resposta a meses de ataques contínuos do regime do Irã”, suas forças “estão realizando ataques de precisão contra alvos militares” nesse país.
“O regime iraniano e seus aliados na região não cessaram seus ataques contra Israel desde 7 de outubro [de 2023] sobre sete frentes, incluídos ataques do solo iraniano”, afirmou o Exército.
O “Estado de Israel tem o direito e o dever de responder. Nossas capacidades defensivas e ofensivas estão plenamente mobilizadas”, acrescenta o comunicado.
Há semanas era esperada a resposta de Israel ao ataque de 1º de outubro do Irã, que lançou cerca de 200 projéteis contra seu território, incluindo vários mísseis hipersônicos pela primeira vez.
A ação israelense contra o Irã é “autodefesa”, reagiu a Casa Branca, principal apoio diplomático e militar de Israel, enquanto um funcionário de defensa disse que os Estados Unidos foram informados antes dos ataques.
Em paralelo, a agência oficial de notícias da Síria informou que as defesas antiaéreas desse país haviam interceptado “alvos hostis” nos arredores de Damasco, onde também foram ouvidas explosões.
– Alta tensão regional –
Estas hostilidades se somam a um contexto de alta tensão no Oriente Médio depois de mais de um ano de guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, que recentemente se estendeu para o Líbano contra o Hezbollah.
Os dois movimentos islamistas se opõem a Israel e estão apoiados financeira e militarmente pelo Irã, que fez do apoio à causa palestina um dos pilares de sua política externa desde a instauração da República Islâmica em 1979.
Teerã apresentou os disparos de 1º de outubro como uma resposta aos bombardeios israelenses contra o Líbano que, no final de setembro, causaram as mortes de um general iraniano e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Também justificaram a operação como uma represália ao assassinato em solo iraniano do então líder do Hamas, Ismail Haniyeh, uma ação atribuída a Israel.
Nas últimas semanas, o Irã desempenha um equilíbrio delicado entre firmeza e moderação ante as ameaças de represálias israelenses.
“Vamos golpear de novo dolorosamente” em caso de ataque, disse recentemente o general Hossein Salami, chefe do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, o exército ideológico encarregado de defender o regime da República Islâmica.
– Giro diplomático –
Mas, ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, embarcou em um giro diplomático pelo Oriente Médio para tentar apaziguar a tensão e reforçar a posição de Teerã.
O chanceler viajou ao sultanato de Omã, que normalmente serve de intermediário para as conversas indiretas com os Estados Unidos, e também esteve no Egito, onde nenhum ministro iraniano havia ido desde 2013.
“Não queremos a guerra, queremos a paz”, insistiu várias vezes o ministro que, ainda assim, avisou que o Irã está “totalmente preparado para enfrentar uma situação de guerra”.
Em abril, Teerã já havia lançado mísseis e drones contra Israel em uma operação sem precedentes que respondia a um ataque letal contra seu consulado na Síria, atribuído também ao Exército israelense.
Após essa ação inédita, foram reportadas várias explosões no centro do Irã que, segundo altos responsáveis americanos, eram a resposta de Israel, que não as assumiu.
Teerã, por sua vez, minimizou a importância dessas explosões cuja origem não foi explicada claramente