O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, esteve na noite de terça-feira (27) no Palácio do Jaburu, numa reunião com o presidente Michel Temer.
Numa entrevista à repórter Andreia Sadi, Gilmar Mendes falou sobre esse encontro e também hostilizou o colega no Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, e criticou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O ministro Barroso reagiu às declarações de Gilmar Mendes.
O ministro Gilmar Mendes chegou ao Palácio do Jaburu perto 20h de terça-feira.
Na manhã desta quarta-feira (28), Gilmar Mendes contou em entrevista exclusiva qual foi o assunto discutido no Jaburu.
Ele disse que o novo ministro extraordinário da Segurança, Raul Jungmann, estava presente na conversa com o presidente Temer e que a conversa foi sobre segurança pública e assuntos gerais.
Gilmar Mendes também falou sobre a demissão de Fernando Segovia, o diretor da Polícia Federal que foi tirado do cargo na terça-feira (27), por Jungmann. Disse que, na avaliação dele, a forma da demissão foi um pouco desajeitada, mas reconheceu que Segovia tinha perdido, sim, as condições para continuar no comando da PF.
Na entrevista, o ministro fez críticas à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e ao colega dele no Supremo Luís Roberto Barroso.
Raquel Dodge havia pedido que Fernando Segovia fosse afastado das funções se continuasse a interferir no inquérito dos portos, que apura se Michel Temer editou um decreto para beneficiar a empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos, em troca de propina.
Esse inquérito corre no Supremo e o relator é o ministro Luís Roberto Barroso.
Sobre Raquel Dodge, Gilmar Mendes disse:
“Por que a Raquel não faz nada? Estou falando isso que sou amigo dela. Por que ela não faz nada com os outros que vivem falando aí? O Dallagnol está na mídia toda hora”.
A Procuradoria-Geral da República não quis comentar as declarações de Gilmar Mendes.
Deltan Dallagnol é procurador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Ele também não quis comentar.
Sobre o ministro Barroso, Gilmar Mendes disse:
“O Barroso não sabe o que é alvará de soltura. Fala pelos cotovelos, antecipa julgamento. Fala da malinha, da rodinha… e teria que suspender a própria língua”.
“Malinha” é uma referência ao episódio em que o ex-assessor especial da Presidência e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) foi filmado recebendo uma mala de dinheiro em restaurante nos jardins, na capital paulista.
Procurado, o ministro Luís Roberto Barroso respondeu o seguinte:
“Jamais antecipei julgamento nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior.
Acho que o direito deve ser igual para ricos e para pobres e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas”. Do G1.