
O Jockey Club de São Paulo — instituição com 150 anos de história e reconhecida como símbolo de elegância — enfrenta uma grave crise financeira e uma investigação por suposto mau uso de incentivos fiscais.
Segundo reportagem do portal UOL, o clube captou R$ 83,6 milhões em incentivos públicos entre 2018 e 2025, sendo R$ 22,4 milhões via Lei Rouanet (federal) e R$ 61,2 milhões pela TDC (municipal), ambos destinados à restauração de sua sede tombada às margens da Marginal Pinheiros.
Parte dos valores foi destinada a empresas e pessoas próximas a Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB e conselheiro do Jockey. Segundo apuração, ele indicou a produtora goiana Elysium para coordenar o restauro e contratar fornecedores.

Documentos e notas fiscais obtidos pela reportagem revelam indícios de irregularidades, como pagamento de R$ 11,2 milhões a uma construtora de Goiânia chamada “Vidal”, que existe apenas no Instagram e não possui sede ou sócias identificadas; despesas pessoais como jantares com vinhos importados, compras em farmácias, estadias em hotéis no Rio de Janeiro e até condomínio quitado com verba pública; além de aluguel de gerador por R$ 2,3 mil, enviado para Santo Antônio do Descoberto sem vínculo técnico com o projeto de restauração.
No centro da polêmica está o ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, que é sócio do Jockey desde 2019 e conselheiro da instituição desde 2022.
A reportagem do UOL aponta que parte dos recursos públicos captados teria sido direcionada a empresas goianas ligadas a parentes e ex-assessores de Perillo, como a produtora cultural Elysium Sociedade Cultural, criada por decreto em 2014 durante seu mandato. Perillo nega envolvimento.
A força-tarefa do Ministério da Cultura e da Controladoria-Geral do Município de São Paulo investiga a origem e a aplicação dos recursos captados pelo clube, o que pode resultar em devolução integral dos valores, além de responsabilização por improbidade, estelionato ou lavagem de dinheiro.
Além disso, o clube passou a responder a processo de recuperação judicial em setembro de 2025, ao declarar passivo de R$ 19,1 milhões com credores privados, suspensão temporária de cobranças e com a Prefeitura de São Paulo mantendo uma cobrança de mais de R$ 800 milhões em dívidas fiscais, especialmente IPTU.
A Elysium diz seguir as regras. Mas o caso é grave: dinheiro público, destinado a preservar história, pode ter ido para bolsos questionáveis.
Para Perillo, com 15,6% das intenções de voto em Goiás (AtlasIntel), o escândalo é uma bomba-relógio às vésperas de 2026.
O que está em jogo? A credibilidade de incentivos fiscais e a preservação de um patrimônio cultural.
A auditoria da Prefeitura pode exigir a devolução dos recursos e abrir caminho para investigações federais.
Marconi articula nos bastidores para reduzir as dívidas fiscais do clube, mas o UOL aponta conexões incômodas: parte dos recursos foi para empresas goianas ligadas a parentes e ex-assessores, como a Elysium Sociedade Cultural, criada por decreto seu em 2014.