Japão rastreia oito navios de guerra chineses e russos perto de seu território

Posição japonesa em relação à Taiwan e Ucrânia tem irritado China e Rússia, respectivamente Lhasa, um dos navios mais poderosos da China Ministério da Defesa do Japão

Pelo menos oito navios de guerra russos e chineses foram vistos nos mares perto do Japão nesta semana, outro sinal da aparente pressão que os dois parceiros vêm exercendo sobre Tóquio à medida que as relações se deterioram devido às questões de Ucrânia e Taiwan.

O Ministério da Defesa do Japão disse na terça-feira (21) que suas forças observaram cinco navios de guerra russos liderados por um destróier antissubmarino atravessando o Estreito de Tsushima, que separa o Japão da Coreia do Sul.

A frota russa está perto das ilhas japonesas há uma semana, de Hokkaido, no norte, a Okinawa, no sul, disse o ministério em um comunicado à imprensa.

Enquanto isso, pelo menos dois navios de guerra chineses e uma embarcação de suprimentos foram vistos na terça-feira nas Ilhas Izu, cerca de 500 quilômetros ao sul da capital Tóquio. Um desses navios parecia ser o Lhasa, um destróier de mísseis guiados e um dos navios de superfície mais poderosos da China.

O ministério disse que o grupo opera em águas próximas ao Japão desde 12 de junho.

“Esta é uma demonstração óbvia de força da Rússia e da China”, disse James Brown, professor associado de ciência política da Temple University, em Tóquio. “Essas atividades são uma grande preocupação para o Japão. Além disso, rastrear os movimentos das forças militares russas e chinesas é uma pressão sobre as Forças japonesas”.

Não houve alegação de Tóquio de que os grupos navais russos e chineses estivessem coordenando suas ações, como fizeram em outubro do ano passado, quando um total de 10 navios de guerrados dois países participaram de exercícios em volta de grande parte do arquipélago japonês.

Mais recentemente, quando o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida organizou uma cúpula dos líderes dos Estados Unidos, Austrália e Índia em Tóquio, as forças aéreas chinesa e russa realizaram patrulhas aéreas estratégicas conjuntas sobre o Mar do Japão e o Mar da China Oriental, no que o Ministério da Defesa chinês chamou de parte de um plano anual de cooperação militar.

Brown disse que o fato de Kishida sediar a cúpula foi apenas uma das razões pelas quais Pequim gostaria de mostrar seu descontentamento com Tóquio. “Pequim ficou irritada com as declarações japonesas sobre a segurança de Taiwan, que o Partido Comunista Chinês considera um assunto doméstico”, disse o professor.

De fato, foi naquele evento que o presidente Joe Biden disse que os EUA interviriam militarmente se a China tentasse tomar Taiwan à força. Mais tarde, a Casa Branca voltou atrás neste comentário, mas os EUA mantêm uma poderosa presença militar no Japão.

Taiwan e a China são governadas separadamente desde que os nacionalistas derrotados se retiraram para a ilha no fim da guerra civil chinesa, há mais de 70 anos. Mas o Partido Comunista Chinês vê Taiwan como parte de seu território.

Pequim não descarta a possibilidade de força militar para tomar Taiwan, e o Japão vê o conflito no Estreito de Taiwan como uma ameaça à sua segurança.

Enquanto isso, Moscou está irritada com o apoio de Tóquio à Ucrânia depois que as forças russas invadiram seu vizinho europeu há quase quatro meses, disse Brown. Esse apoio inclui a imposição de sanções à Rússia e a expulsão de diplomatas russos.

“A Rússia, portanto, deseja usar seu poder militar para intimidar o Japão na esperança de que isso impeça Tóquio de impor mais medidas”, disse Brown. “O pesadelo estratégico do Japão é uma aliança genuína entre a Rússia e a China”, afirmou o professor.