Moro: ‘Gilmar Mendes erra muito e Lula deveria estar preso’

Ex-juiz criticou postura do magistrado

O ex-juiz Sergio Moro disse nesta quinta-feira (20) que evita reagir aos ataques do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para não transformar suas críticas à Corte em um conflito pessoal. No entanto, Moro criticou a posição do magistrado e disse que o ministro “erra muito”.

Segundo publicou a revista Veja em dezembro do ano passado, Gilmar tem ficado bastante insatisfeito com os comentários de Moro sobre algumas decisões do STF. Em retaliação às críticas que o ex-juiz fez ao fim da prisão em segunda instância e à anulação das condenações de Lula, por exemplo, Gilmar teria dito a interlocutores que irá “bater em Moro em momento oportuno”.

– Não tenho nenhum problema pessoal com o ministro Gilmar Mendes. Acho que ele erra muito ao se despir do papel de magistrado e fazer essas críticas. Ele deveria ser um ator em favor do combate à corrupção, como já foi durante o mensalão, como foi antes de 2016. Sinceramente, o que eu espero é que ele volte a ter um papel dessa espécie. E ele erra quando, junto com parte do Supremo, profere essas decisões que afetam o combate à corrupção – disse Moro em entrevista ao colunista Felipe Moura Brasil, do Uol.

O ex-ministro da Justiça também criticou o presidente Jair Bolsonaro e disse que evita atritos com o STF por não querer ser associado à postura de seu ex-aliado em relação à Corte.

Bolsonaro e o Supremo protagonizaram no ano passado uma crise entre os Três Poderes da República que atingiu seu auge durante os atos do dia 7 de setembro, mas foi minimizada nos dias posteriores.

– Eu respeito o STF como instituição. Acho que ali tem bons ministros. Vou citar aqui o presidente Luiz Fux. […] Ele, inclusive, votou vencido nessas anulações da condenação do ex-presidente Lula. Ele sempre decidiu em favor da operação Lava Jato e do combate à corrupção. Então, a gente tem que respeitar a instituição. Como o STF foi atacado duramente pelo presidente atual, Bolsonaro, e ficou aquele viés anti-instituição, eu não quero ser confundido com isso – afirmou Moro.