Vacinas contra a covid-19: Qual tem maior eficácia? Coronavac tem 50,38%, Pfizer tem 95%

Vacinas contra a covid-19: quais são, eficácia, efeitos e calendário

Um artigo publicado pelo jornal científico The Lancet indica que existem ao menos 96 vacinas contra covid-19 em desenvolvimento ao redor do globo. Oito delas já estão em uso. A pergunta de 1 milhão de dólares é: qual é a mais eficaz? A resposta é: depende.

Fatores como a população influenciam nos resultados. Por enquanto, em números absolutos, a maior taxa de eficácia é da Pfizer, criada em parceria com a BioNtech, que atingiu 95% de eficácia, sem efeitos colaterais significativos.

Diversos fatores influenciam na eficácia das vacinas contra covid-19.Diversos fatores influenciam na eficácia das vacinas contra covid-19.Fonte:  Pixabay 

A vacina da Pfizer já está disponível para uso emergencial no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, todos os estados e o Distrito Federal receberão as doses de maneira proporcional. No entanto, a vacina deve ser utilizada somente nas capitais devido às particularidades de seu armazenamento, que deve ser feito entre -25 °C e -15 °C por, no máximo, 14 dias.

Eficácia das vacinas disponíveis no Brasil

Além da vacina da Pfizer, o Brasil está aplicando doses das vacinas CoronaVac, produzida em parceria com a chinesa Sinovac e Astrazeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. A vacina da Johnson & Johnson (J&J) também deve começar a ser aplicada em julho no país.

Astrazeneca

A vacina mostrou eficácia de 82,4% com um intervalo de três meses entre as duas aplicações. Ela também pode reduzir em 67% a transmissão do vírus após a administração da primeira dose, segundo ensaios realizados pela Universidade de Oxford. O imunizante demonstrou 76% de proteção após a primeira dose – nível alcançado após 22 dias da imunização.

CoronaVac

A CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, tem eficácia geral de 50,38%. Esse percentual, segundo dados do governo brasileiro, refere-se a estudos feitos no país. A eficácia em casos leves de covid-19 foi de 77,96%.

Johnson & Johnson

A vacina de uma só dose da norte-americana J&J tem 72% de efetividade global, evitando 66% dos casos moderados a graves de covid-19, segundo declaração da empresa. Também previne 85% das infecções graves e 100% das hospitalizações e mortes decorrentes da infecção.

Vacinas disponíveis pelo mundo

Moderna

A vacina da farmacêutica americana Moderna é a segunda mais eficaz em termos absolutos, atingindo 94,1% de eficácia na prevenção da covid-19. A vacina também aparenta conseguir evitar que os voluntários fiquem gravemente doentes.

Novavax

A vacina da norte-americana Novavax atingiu 89,3% de eficácia nos ensaios clínicos. Apesar de ter atingido eficácia de 100% contra casos graves da doença causados pela cepa original do novo coronavírus, o imunizante se mostrou pouco eficaz contra a variante sul-africana – um reforço está sendo produzido pelo laboratório.

Sinopharm

A vacina do laboratório chinês Sinopharm, recém-aprovada pela OMS para uso emergencial, tem 86% de eficácia comprovada. Também tem 79% de eficácia na prevenção de casos sintomáticos graves e hospitalizações.

Sputnik V

O imunizante russo Sputnik V, produzido pelo Instituto Gamaleya, tem eficácia geral de 91,6%, de acordo com resultados da fase três de ensaios clínicos publicados na revista The Lancet.

Eficácia é relativa

Segundo o artigo citado no início desta notícia, o entendimento completo da eficácia das vacinas é menos simples do que pode parecer. A eficácia da vacina é geralmente relatada como uma redução do risco relativo (RRR). No entanto, o RRR deve ser visto no contexto do risco de infecção e adoecimento, que varia entre as populações e ao longo do tempo.

Enquanto o RRR considera apenas os participantes que poderiam se beneficiar da vacina, a redução do risco absoluto (ARR) – que é a diferença entre as taxas de ataque com e sem vacina – considera toda a população. Os ARRs tendem a ser ignorados porque fornecem um tamanho de efeito muito menos impressionante do que os RRRs.

Gráfico representa taxas de RRR e NNV de cinco vacinas contra covid-19.Gráfico representa taxas de RRR e NNV de cinco vacinas contra covid-19.Fonte:  The Lancet/Reprodução 

Guia te ajuda a entender melhor como funcionam as vacinas contra a covid-19. Meta do Ministério da Saúde é imunizar todos os adultos até o fim do ano

Eficácia das vacinas contra a covid-19

Nenhuma vacina tem eficácia de 100%, ou seja, capaz de impedir totalmente o contato com o coronavírus. Apesar disso, elas impedem que a maior parte das pessoas tenha a forma mais grave da covid-19 e, assim. nem precisem de atendimento médico. Um artigo da revista científica Lancet mostra como funciona o cálculo para estabelecer a eficácia das principais vacinas em uso no mundo.

O imunizante da Pfizer tem eficácia global de 95%. A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz, tem capacidade de proteção de 79%. A Coronavac, do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantan, tem eficácia global de 50,38%. O imunizante de dose única da Janssen tem eficácia de 66%. A russa Sputnik V tem uma taxa de proteção de 91,6%. Já a indiana Covaxin tem eficácia de 81%.

Veja um resumo da eficácia das vacinações contra a covid-19 na tabela abaixo:

Pfizer 95%
Sputnik V 91,6%
Covaxin 81%
AstraZeneca 79%
Janssen 66%
Coronavac 50,38%

 (SeongJoon Cho/Bloomberg)

Assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo coronavírus como uma pandemia, uma grande corrida por uma vacina contra a covid-19 começou. Vários países, laboratórios e cientistas em todo o planeta dedicaram esforços para criar um imunizante capaz de proporcionar uma proteção eficaz e segura.

De acordo com dados da OMS, há 287 vacinas em alguma fase de desenvolvimento em todo o mundo. Deste total, oito estão aprovadas para uso global, e há outras 12 que estão sendo usadas de forma local, e aguardam a aprovação da OMS.

No Brasil, quatro laboratórios já conseguiram o registro — definitivo ou emergencial — junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): AstraZeneca/Fiocruz, Sinovac/Butantan, Pfizer e Janssen. Outras duas, a indiana Covaxin e a russa Sputnik V, foram autorizadas para uso emergencial de forma controlada.

Como funcionam as vacinas disponíveis no Brasil?

Todas as vacinas visam ajudar o organismo a desenvolver anticorpos contra o vírus, como explica Katherine O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS. “Há duas grandes categorias de abordagem para fazer isso. A primeira é colocar na vacina parte da proteína do vírus ou a própria proteína. A segunda é dar instruções ao organismo sobre o modo de fabricar o anticorpo. É uma nova estratégia e que podemos desenvolver vacinas rapidamente”, explica.

Pfizer/BioNTech

A vacina do laboratório Pfizer/BioNTech usa a nova tecnologia indicada pela epidemiologista da OMS, chamada de genética do RNA mensageiro.

Dentro da vacina há uma proteína do coronavírus que estimula o corpo a produzir anticorpos e impedir a infecção. Ela é aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias.

No Brasil, o Ministério da Saúde optou por usar com intervalo de três meses, o mesmo usado em outros países como o Reino Unido.

Fiocruz/AstraZeneca, Janssen e Sputnik V

Essas vacinas são desenvolvidas com uma tecnologia muito conhecida, principalmente na produção de imunizantes contra a gripe. Os cientistas usam um adenovírus, que é inofensivo aos seres humanos, e o modificam geneticamente para que ele contenha uma forma muito parecida com a do coronavírus e que não cause a doença. Isso ajuda o sistema imunológico a desenvolver anticorpos contra a covid-19, capazes de neutralizar a infecção.

Fiocruz/AstraZeneca e Suptnik V são aplicadas em duas doses. A da Janssen é em dose única.

Instituto Butantan/Sinovac e Covaxin

A tecnologia da vacina Coronavac e da indiana Covaxin utiliza o vírus inativado, ou seja, em uma forma que ele seja incapaz de deixar uma pessoa doente. Como o contato é feito com um vírus “morto”, a vacina consegue mandar uma mensagem ao nosso organismo para criar defesas e estar preparado quando ele entrar em contato com o coronavírus real e ativo.

Ambas as vacinas (Instituto Butantan/Sinovac e Covaxin) são aplicadas em duas doses.

Eficácia das vacinas contra a covid-19

Nenhuma vacina tem eficácia de 100%, ou seja, capaz de impedir totalmente o contato com o coronavírus. Apesar disso, elas impedem que a maior parte das pessoas tenha a forma mais grave da covid-19 e, assim. nem precisem de atendimento médico. Um artigo da revista científica Lancet mostra como funciona o cálculo para estabelecer a eficácia das principais vacinas em uso no mundo.

O imunizante da Pfizer tem eficácia global de 95%. A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz, tem capacidade de proteção de 79%. A Coronavac, do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantan, tem eficácia global de 50,38%. O imunizante de dose única da Janssen tem eficácia de 66%. A russa Sputnik V tem uma taxa de proteção de 91,6%. Já a indiana Covaxin tem eficácia de 81%.

Efeitos colaterais (não precisa ter medo)

Toda e qualquer vacina pode gerar algum efeito colateral e não há necessidade de se preocupar, apontam médicos e cientistas. Os mais comuns são dor de cabeça, dor no local da aplicação, febre e fadiga.

As vacinas que usam a tecnologia de adenovírus geralmente causam uma reação maior do organismo porque ela “simula” como se o corpo estivesse sendo infectado pelo coronavírus. Mas os sintomas passam em até 48 horas.

A recomendação dos médicos é para que, caso os sintomas sejam muito fortes, use medicamentos para controlar a febre e as dores. O uso de anti-inflamatório é desaconselhado porque pode atrapalhar a resposta do corpo ao processo inflamatório natural na criação de anticorpos contra o coronavírus.

Calendário de vacinação contra a covid-19

De acordo com o Ministério da Saúde, a imunização de todos os brasileiros, com as duas doses, será concluída até o dia 31 de dezembro.

Há a contratação de um total de 662 milhões de doses de vacina, com cronograma de entregar até o fim de 2021, ou seja, um excedente de 118 milhões — levando em conta a vacinação de toda a população.

Os maiores volumes foram comprados da Fiocruz/AstraZeneca (210 milhões), da Pfizer/BioNTech (200 milhões), e do Instituto Butantan/Sinovac (130 milhões).

Apesar de o calendário só ser concluído no fim do ano, muitos governos locais anunciaram a antecipação da vacinação. A conta é feita porque em muitos casos há uma diferença entre a projeção e as pessoas que efetivamente moram naquela cidade ou estado, e assim sobram mais vacinas.

Vacinação em São Paulo

A meta do governo de São Paulo é aplicar pelo menos a primeira dose em todos os adultos, acima de 18 anos, até o dia 18 de setembro. Desde o dia 16 de junho começou a primeira fase de aplicação de pessoas sem comorbidades, entre 50 e 59 anos.

Vacinação no Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro a imunização de pessoas sem comorbidades está prevista para iniciar em julho e ir até outubro. Na capital fluminense, houve a antecipação do início de aplicação para junho. O cronograma prevê a vacinação de uma faixa etária por dia, separada por gênero.

Vacinação em Minas Gerais

Em Minas Gerais, a vacinação contra a covid-19 tem a previsão de aplicar pelo menos a primeira dose em todos os adultos até o mês de outubro. As prefeituras têm autonomia para fazer algumas mudanças no calendário, mas a recomendação é que sigam o Plano Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.