DF: Família de onças vive perto de condomínios em Sobradinho

Onça-parda é vista em condomínio de Sobradinho, no DF — Foto: Reprodução

Onça-parda é vista em condomínio de Sobradinho, no DF — Foto: Reprodução

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) monitora uma família de onças-pardas que vive próximo a condomínios e chácaras localizadas ao lado de áreas de preservação ambiental no Distrito Federal. A espécie é conhecida como o segundo maior mamífero das Américas e está ameaçada de extinção.

A fêmea adulta e duas onças em “idade juvenil” foram vistas em fevereiro passado, no condomínio Mansões Colorado, em Sobradinho, às margens da mata protegida. A família de felinos foi flagrada por câmeras de segurança (na foto acima).

No início de abril, moradores de uma chácara a cerca de oito quilômetros do local também relataram a visita de uma onça no quintal (saiba mais abaixo). O acompanhamento das onças faz parte de um projeto com foco na preservação de mamíferos de médio e grande porte, desenvolvido na Área de Proteção Ambiental do Planalto Central (APA) do Planalto Central e arredores.

A bióloga Cláudia Rocha Campos, que participa do monitoramento, conta que os animais são observados há um ano, com ajuda de câmeras instaladas na mata. “A Unidade de Conservação [APA Planalto Central] engloba o DF e uma parte de Goiás, e tem a posição estratégica por estar inserida em três Regiões Hidrográficas, das 12 que existem no Brasil (do Tocantins-Araguaia, do São Francisco e do Paraná)”, explica Cláudia.

Segundo a especialista, as onças filhote estão em fase juvenil, com aproximadamente dois anos.

“Eles [filhotes] já devem estar se separando da mãe, pois já estão na idade”, diz a bióloga.

Preservação

Onça parda vista em área de preservação ambiental — Foto: Brasília É o Bicho/Divulgação

Onça parda vista em área de preservação ambiental — Foto: Brasília É o Bicho/Divulgação

O espaço monitorado pelos biólogos se tornou uma área de proteção ambiental em 2000, como “uma resposta às ameaças à conservação do bioma Cerrado, em função do acelerado crescimento desordenado da região do Distrito Federal”, diz o ICMBio.

Ainda de acordo com um relatório do instituto, divulgado em 2015, a APA do Planalto Central abrange uma área de 504.160 hectares. A maior parte, 74%, ficam no DF.

Há estimativa de que 525.328 pessoas vivam na APA Planalto Central, considerando todo o território da área, conforme o mais recente censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010.

A onça-parda é uma das 114 espécies de mamíferos terrestres que a área de preservação do DF abriga. Câmeras instaladas na mata mostram a presença de outros bichos, como o tamanduá-bandeira e a anta-brasileira, ambos em risco de extinção no Cerrado (abaixo).

Animais silvestres em risco de extinção são observados em mata no DF

Susto

Nas imagens que assustaram moradores no começo de 2021, uma onça-parda caminha calmamente em frente à entrada do Condomínio Mansões Colorado. O flagrante foi feito por volta das 6h, quando há pouco movimento de pessoas e carros (veja abaixo).

O residencial fica entre uma mata fechada e o córrego e da Reserva Biológica da Contagem, que integram a área preservada. Em outra imagem, a onça e os dois filhotes atravessam uma rua.

Onça-parda é vista em Sobradinho, no DF

Onça-parda é vista em Sobradinho, no DF

Foi também nas primeiras horas da manhã, por volta das 6h15, que uma onça foi vista em uma chácara no Lago Oeste. A psicóloga Fábia Guimarães conta que o marido flagrou o felino no galinheiro. “Ele escutou o barulho, acordou assustado e foi ver o que era. Deu de cara com a onça”, conta.

“Ela [a onça] caminhava de um lado para o outro, dentro do galinheiro, depois voltou pra mata”, diz Fábia.

Um dia antes, ela já havia percebido que algumas galinhas tinham sido atacadas. “Eu achei que fosse algum lobo-guará, porque já aconteceu antes”, conta a psicóloga.

Para quem se deparar com uma onça-parda, a bióloga Cláudia Rocha recomenda que o melhor é ficar parado, jamais correr. “Onças-pardas juvenis ou subadultas não têm a mesma confiança de adultos, portanto, se encontrarem um humano pela frente, muito provavelmente, fugirão. Já uma onça-parda adulta, e principalmente mãe, acompanhada por filhotes, pode ser mais agressiva por imaginar que seus filhotes estão sendo ameaçados”, diz a especialista.

Nos últimos anos, há registro de onças atropeladas durante a fuga, após se deparar com humanos. Há também aquelas que apareceram em locais inusitados, como em cima de uma árvore (na foto abaixo).

Onça parda flagrada em árvore no DF — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Onça parda flagrada em árvore no DF — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Visita bem-vinda

Além dos 114 mamíferos terrestres, a área de preservação, em Brasília, abriga 132 espécies de répteis e anfíbios, além de 366 tipos de aves. Fábia, que mora no Lago Oeste e se assustou com a onça-parda, conta que também há uma visita que não traz medo – pelo contrário, “já faz parte do bando”, é o mutum.

“Parece um pato, bem grande. Ele vem comer aqui com as aves, e depois vai embora”, diz a moradora do Lago Oeste, em Brasília.

Registro da ave mutum-de-penacho — Foto: José Rondon/Zoológico de Brasília

Registro da ave mutum-de-penacho — Foto: José Rondon/Zoológico de Brasília

O Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) já recolheu 965 animais silvestres em áreas urbanas do DF neste ano, após ser acionado pelos moradores. Em 2020 foram 3.241 bichos resgatados.

Nos recolhimentos, os animais são analisados e, se estiverem em bom estado, são devolvidos às áreas de preservação. Caso apresentem ferimentos ou outros problemas de saúde, são encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), ligado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Casos de animais silvestres, em áreas urbanas do Distrito Federal podem ser informados ao BPMA por meio dos telefones:

  • (61) 9 9351-5736
  • (61) 3910-1965
  • 190
  • Fonte: G1