Neoenergia assume operação da CEB e promete triplicar investimentos

Assinatura ocorreu no Palácio do Buriti com presença do governador Ibaneis Rocha e de gestores da empresa

Foi assinado nesta terça-feira (2) o contrato de compra e venda de 100% das ações da CEB Distribuição pela empresa Bahia Geração de Energia, do Grupo Neoenergia. O grupo espanhol foi o vencedor do leilão realizado na Bolsa de Valores, em dezembro passado.

A partir de agora, a empresa Bahia Geração de Energia assume a operação da CEB Distribuição para levar energia elétrica a 1,1 milhão de clientes – mais de 3 milhões de habitantes em todo o DF. Foi assegurado pelos novos gestores que o investimento a ser feito será três vezes maior do que a média histórica proporcionada pela CEB.

O governador Ibaneis Rocha participou do ato ao lado do agora ex-diretor-presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia, e do diretor-presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle.

IAN FERRAZ, DA AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: MÔNICA PEDROSO
Neoenergia promete uma série de inovações, ao longo de 2021, como novos canais de pagamento de conta e atendimento por WhatsApp | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

No primeiro ano de concessão, está prevista a instalação de mais de 150 religadores de linha, um crescimento de 50% do parque atualmente instalado na área de concessão

A privatização da subsidiária se fez necessária para aumentar os recursos do caixa da empresa, que passa por dificuldades há anos. A concessão para a iniciativa privada também vai proporcionar mais investimentos e, consequentemente, uma prestação de serviço mais eficaz e de melhor qualidade ao consumidor.

“Hoje se consagra um ambiente de vitória e de muita qualidade para a geração de energia para o Distrito Federal. Temos a convicção de que fizemos o melhor para o DF. Esse recurso entra hoje para ser investido naquilo que importa para a população, que é infraestrutura”, comemorou o governador Ibaneis Rocha.

“Chegamos ao final de uma jornada de dois anos de árduo trabalho com a venda da totalidade das ações da CEB para o grupo Neoenergia. Boa sorte aos novos administradores da CEB”, desejou Edison Garcia.

O diretor-presidente da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, agradeceu as palavras e prometeu uma evolução nos serviços prestados. “Tenho a plena convicção de que iremos trilhar um caminho de sucesso e na melhoria da distribuição de energia. Trabalharemos para que a CEB assuma um papel de destaque nacional”, disse o gestor, ao prometer a geração de empregos e investimento em tecnologia na companhia. “Chegamos aqui não para subir a tarifa de energia, e sim para fazer investimentos e melhorar a qualidade do serviço”, garante.

De acordo com a Neoenergia, os recursos serão direcionados para a expansão, automação e modernização do sistema elétrico, com foco na qualidade do fornecimento, satisfação dos clientes e na segurança da população. No primeiro ano de concessão, está prevista a instalação de mais de 150 religadores de linha, um crescimento de 50% do parque atualmente instalado na área de concessão. Na prática, os equipamentos inteligentes identificam e isolam o trecho defeituoso da rede, permitindo um restabelecimento mais rápido em caso de eventuais interrupções.

Esse trabalho envolve uma intensa dedicação operacional, com a inspeção e manutenção de mais de dez mil quilômetros de redes de distribuição, mais de 700 quilômetros de linhas de transmissão (percorrendo 100% do total) e de todas as 41 subestações.

Além disso, o plano de investimentos prevê a modernização e ampliação da capacidade de atendimento por meio de instalação de novos transformadores e da construção de circuitos de interligação e de linhas de alta tensão, com a finalidade de melhorar os indicadores de continuidade e confiabilidade do fornecimento de energia.

Canais de atendimento serão modernizados

De acordo com a Neoenergia, neste primeiro momento, o atendimento aos clientes será feito pelos canais de comunicação existentes, pelo telefone 116, agências de atendimento físicas, além do portal.

A Neoenergia terá também um contato proativo com os consumidores – com comunicações por e-mail, SMS, Whatsapp e outras plataformas –, novas modalidades de pagamento, como carteiras digitais e cartão de crédito e a implantação de um portal digital de negociação. Algumas dessas iniciativas já começam a ser implementadas ainda neste mês de março.

R$ 2,515 bilhõesValor que a Neoenergia pagou pela CEB Distribuição

Histórico

O leilão da CEB Distribuição ocorreu em 4 de dezembro de 2020, na Bolsa de Valores, em São Paulo, e teve a participação de três proponentes. O grupo Neoenergia se sagrou vencedor do certame ao vencer a concorrência dos grupos CPFL e Equatorial. O lance inicial definido em edital era de R$ 1,423 bilhão, mas atingiu R$ 2,515 bilhões, o que representa um ágio – diferença entre o valor pago e o valor de avaliação – de 76,63%.

O leilão foi considerado um sucesso e modelo para futuras desestatizações no país. Todo o processo de compra e venda das ações da CEB durou menos de um ano e foi conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), após assinatura de um acordo de cooperação.

“Foi um processo de privatização exitoso e dos mais rápidos que aconteceram na história brasileira. A todos que tornaram isso possível fica aqui o meu muito obrigado”, observa Ruiz-Tagle.

A agilidade e eficiência do processo também foram lembrados pelo diretor de Privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Leonardo Mendes Cabral.“Foram 1.500 páginas de estudos que permitiram a privatização da empresa. Houve uma competição fortíssima entre os potenciais compradores, que foi vencida pela Neoenergia. Isso mostra que é possível realizar privatizações muito bem-sucedidas no país.”

O governador Ibaneis Rocha também recordou o processo de desestatização da CEB, ao citar as dificuldades financeiras enfrentadas pela companhia. “Não é muito lembrar o que vivemos neste período, desde que vencemos as eleições e fomos visitar a Aneel para ver as condições da empresa. Naquele momento vimos as dificuldades, que não eram poucas, mas sabíamos que iríamos vencer. A Aneel colocou de forma muito clara que se não houvesse investimentos a concessão da empresa iria caducar e a empresa iria para a bacia das almas”, disse Ibaneis, que, em seguida, comemorou o sucesso da privatização.

“Houve vários processos de privatização do setor elétrico no Brasil que não foram bem-sucedidos. Mas, quando houve a batida de martelo na Bolsa de Valores e soubemos que seria vocês da Neoenergia, houve um grande alívio.”

A Neoenergia é controlada pelo grupo espanhol Iberdrola e atua há mais de 20 anos no Brasil. Começou em 1997 com investimentos em distribuição de energia elétrica na Bahia e no Rio Grande do Norte. A empresa é um dos maiores atores do setor de energia no Brasil e possui ativos de distribuição, geração, transmissão e comercialização de energia em 18 estados.

* Com informações da Neoenergia