Temer desembarca na África do Sul para participar da cúpula do Brics

Cúpula que reúne chefes de Estado e de governo do grupo está na 10ª edição e vai até sexta-feira (27). Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.


Por Guilherme Mazui, G1, Brasília

25/07/2018 12h20  Atualizado há 1 hora

O presidente Michel Temer chegou nesta quarta-feira (25) a Joanesburgo, na África do Sul, para participar da 10ª Cúpula do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro vai até sexta-feira (27).

Um dos temas que deve ter destaque durante a cúpula com chefes de Estado e de governo dos cinco países é o avanço do protecionismo nas relações comerciais, prática incentivada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O governo americano criou taxas de importação para vários produtos, como aço e alumínio, que afetaram o Brasil. A China, por exemplo, retaliou e anunciou taxas para importar produtos americanos. O país asiático também pediu aos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que se unam solidariamente e “resistam” às práticas protecionistas dos EUA.

Temer tem defendido em discursos e entrevistas o livre comércio, como ocorreu durante sua passagem pelo México. Na segunda (23) e terça (24), ele participou de um encontro dos presidentes dos países do Mercosul e da Aliança do Pacífico, que buscou aproximar as relações comerciais entre os blocos.

“Em tempos de recaídas isolacionistas, empunhamos a bandeira do livre comércio, da integração, da democracia”, disse Temer no México.

Na oportunidade, os presidentes assinaram declaração conjunta com um plano de ação para incentivar a aproximação comercial entre os dois principais blocos econômicos da América Latina. As conversas poderão resultar no futuro em um acordo de livre comércio.

Discussões na África do Sul

A cúpula dos países do Brics vai até sexta-feira em Joanesburgo. A agenda do presidente Michel Temer prevê, para esta quarta, uma foto com presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. O anfitrião oferece, em seguida, um jantar em homenagem aos chefes de Estado e de governo do bloco.

De acordo com o diretor do Departamento de Mecanismos Inter-regionais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Kenneth Félix da Nóbrega, na quinta e na sexta-feira os líderes dos cinco países discutirão em reuniões temas como multilateralismo, paz e segurança mundial e a chamada “Quarta Revolução Industrial”.

O governo brasileiro espera que a cúpula avance nas negociações para a abertura de um escritório regional do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics. A sede deve ser instalada em São Paulo, com uma unidade em Brasília, segundo Félix da Nóbrega.

O NDB foi fundado pelos países do Brics durante a sexta cúpula do grupo em Fortaleza, em julho de 2014 e foi inaugurado formalmente em Xangai em julho de 2015. A instituição foi criada com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentado nos países do Brics e outras economias emergentes e países em desenvolvimento.

Os países do Brics também devem acertar durante a cúpula um memorando para fortalecer o intercâmbio de boas práticas na área de aviação regional. Outro memorando previsto visa a troca, sem custo comercial, de imagens de satélite entre os integrantes do grupo.

Cármen Lúcia na Presidência

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, está desde segunda-feira (23) no exercício da Presidência da República. A ministra permanece no cargo até a sexta, quando Temer retorna ao Brasil.

Cármen Lúcia exerce a Presidência porque estão em viagens ao exterior Temer e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (MDB-CE).

O Brasil não tem vice-presidente no momento e os presidentes da Câmara e do Senado são os próximos na linha sucessória, seguidos pela presidente do STF. Esta é a quarta vez que Cármen Lúcia exerce a Presidência.

As viagens de Maia e Eunício têm motivo eleitoral. Caso assumam a Presidência nos seis meses anteriores à eleição, marcada para outubro, eles só poderiam concorrer a presidente. Assim, não poderiam disputar outros cargos na eleição.