Febre amarela: um novo alerta sobre doença

Foto: André Borges/Agência Brasília

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Foto: André Borges/Agência Brasília

Morte suspeita destaca a necessidade da vacinação, embora imunização deixe pequena brecha

João Paulo Mariano
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Quem decidiu viajar nas férias precisa se atentar ao cartão de vacina para evitar – ou reduzir – as possibilidades de contrair doenças como febre amarela. Após a morte de um morador de Planaltina, na semana passada, com suspeitas da enfermidade, especialista reafirma a importância da imunização.

“Se a pessoa não for vacinada, faça isso. Só lembre que ainda não tem efeito em até dez dias. É preciso buscar o serviço médico antes disso”, afirma o infectologista Werciley Júnior. Em segundo lugar de importância, o chefe da Comissão de Controle e Infecção do Hospital Santa Lúcia garante que o repelente é necessário, em especial, para quem vai para área de mata.

O médico lembra que os arredores do DF oferecem grande possibilidade de infecção devido a fatores climáticos e ambientais. Assim, não seria preciso ter contato com a mata amazônica para ter perigo: uma visita a Pirenópolis (GO), por exemplo, seria suficiente. Aliás, Brasília mesmo tem muitas “ilhas de mata”, como a Floresta Nacional e o Jardim Botânico.

Apesar da necessidade de cuidados, o infectologista Werciley Júnior acredita que, no DF, os casos na área urbana não são alarmantes – ele suspeita que teriam origem na zona rural. Por outro lado, a preocupação de mosquitos contaminados nas cidades é maior devido à aglomeração de pessoas.

Segundo a Secretaria de Saúde, a prevenção da febre amarela é feita com a imunização da população. A cobertura vacinal alcançou 96% dos moradores no ano passado. Na avaliação do infectologista, essa é uma das melhores coberturas do País e faz com que grande parte das pessoas crie anticorpos.

A possibilidade de contrair a doença após vacinação é pequena e só ocorre naqueles em que o organismo não consegue combater a enfermidade. Cerca de 98% das pessoas imunizadas nunca terão febre amarela. Atualmente, a vacina só precisa ser tomada uma vez em toda a vida. Décadas atrás, era determinada uma validade de dez anos para o remédio.

Sob investigação

A morte do vigilante Eronde Osmar da Silva, 58, reacendeu o alerta para os cuidados com a febre amarela. O morador do Jardim Roriz, em Planaltina, começou a sentir os sintomas no fim do ano passado, dia 29 de dezembro. No dia 1º de janeiro foi ao hospital da cidade e depois mandado para casa. No dia 3, sem melhora, recorreu novamente ao estabelecimento e dessa vez ficou internado.

A filha dele, Juliana Kayta, lembra que os médicos começaram a suspeitar de dengue, hantavirose e febre amarela, já que o homem apresentava febre frequente. Eronde teve que ser transferido para a UTI do Hospital de Ceilândia, onde faleceu horas depois. O enterro ocorreu na última sexta-feira.

Devido à suspeita, a família e a vizinhança em Planaltina receberam a visita da Vigilância Ambiental para conferir a vacinação de todos e a presença de mosquitos na região. O Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (Saan), onde o homem trabalhava, também será avaliado. Ele havia sido vacinado em 2011.

A doença voltou a ser uma preocupação no DF após a morte de um morador do Sudoeste, no fim do ano passado. O psicólogo de 43 anos não saiu de Brasília, mas teria tido contato com o mosquito transmissor da doença no Jardim Botânico. Ele também já havia sido imunizado.

Saiba mais

– As doses são aplicadas em todas as salas de vacina da rede pública de saúde do DF, em qualquer época do ano.

– Podem ser imunizadas pessoas entre nove meses de vida até 59 anos de idade. Gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pessoas com imunossupressão e aquelas com mais de 60 anos só devem ser vacinadas mediante avaliação médica criteriosa.

– No ano passado, foram investigados 86 casos suspeitos de febre amarela no DF. Destes, 83 foram descartados e três foram confirmados e evoluíram para óbito, dentre eles, o caso do morador do Sudoeste.