Wellington Luiz reclama da filiação de Ibaneis Rocha ao PMDB

Secretário-geral do partido disse que membros da legenda não foram consultados sobre chegada do ex-presidente da OAB-DF.
Por Daniel Cardozo-Michael Melo/Metrópoles – 04/11/2017 – 07:55:43

Após o anúncio da filiação do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil na capital (OAB-DF) Ibaneis Rocha ao PMDB, o distrital Wellington Luiz divulgou uma carta aberta criticando a falta de diálogo dentro da legenda. O pivô da crise é o fato de Ibaneis não esconder o desejo de concorrer ao cargo de governador, o que causou desconforto em alguns setores da sigla.

 

Ainda que não faça referência explícita a Ibaneis, o distrital alfinetou as pretensões eleitorais do ex-presidente da OAB-DF. “Não podemos permitir que o desejo pessoal de alguns seja maior que o ideal inalienável e republicano do PMDB”, disse o parlamentar, que é secretário-geral da sigla no DF.

 

Wellington Luiz é cotado como potencial candidato a vice-governador. Apesar de afirmar que sua prioridade seria tentar a reeleição para a Câmara Legislativa, ele vê com bons olhos a chance de compor a coligação majoritária.

Questionado sobre o objetivo do texto divulgado nesta sexta-feira (3/11) — um dia após a filiação de Ibaneis —, Wellington Luiz afirmou ao Metrópoles que o embarque do ex-presidente da OAB-DF não foi sequer discutido entre os membros da executiva regional.

 

“O que deixa a gente chateado é que essa filiação ocorreu sem que ninguém fosse consultado. Pelo que eu represento para o PMDB, merecia mais respeito”, reclamou o deputado.

 

Ex-presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha demonstra interesse em subir no palanque em busca de votos para o GDF.

 

Presidente do PMDB-DF, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli contemporizou a situação e disse que conversará com Wellington Luiz pessoalmente. “Ibaneis veio para o PMDB e o partido se enriquece com a presença dele. Ele tem a consciência de que a legenda tem um compromisso com outras siglas”, afirmou. Filippelli se refere à aliança dos peemedebistas com PSDB, PP, PTB e DEM.

 

Além de Wellington Luiz, Filippelli terá que dialogar com os dois últimos partidos, que não aprovam uma chapa encabeçada pelo ex-presidente da OAB-DF. “Se Ibaneis quiser concorrer a deputado distrital ou federal, continuamos juntos. Mas caso seja candidato a governador, definitivamente o grupo será dissolvido”, resumiu o presidente do PTB-DF, Alírio Neto, um dos pré-candidatos ao Palácio do Buriti.

 

Já o presidente do DEM-DF, deputado federal Alberto Fraga, ironizou a situação: “Deixa ele se filiar, ser candidato é legítimo a qualquer pessoa. O que eu não aceito é que seja colocado como cabeça de chapa do nada, sem nenhuma reunião com o grupo. Estão dando uma importância danada ao Ibaneis, como se fosse um Arruda. E não é”.

 

Panos quentes

Ibaneis Rocha tenta se esquivar da polêmica e assegura que não condicionou a filiação à possibilidade de concorrer ao Buriti ou ao Senado. “É difícil alcançar a unanimidade, mas será necessário chegar a um nome”.

 

O advogado ainda acenou com elogios aos políticos do grupo de apoio do PMDB. “Gosto de todos, como Alírio, Fraga e Jofran Frejat. Tenho certeza que chegaremos a um entendimento. Tenho a intenção de construir uma candidatura majoritária, mas não é uma imposição. Vamos discutir, até porque tenho disposição para apoiar os outros nomes. Então, é preciso aparar todas as arestas e ver se conseguiremos construir a chapa. O grupo vai evoluir nas conversas”, disse ao Metrópoles.