Eleições 2018: políticos da direita disputam cabeça da chapa de oposição

 

Izalci, Fraga, Alírio e Frejat negociam uma ampla aliança que permita que o campo da direita tenha um candidato forte para disputar o Buriti com Rodrigo Rollemberg no ano que vem

Millena Lopes
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Enquanto a base aliada do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) se despedaça, partidos de centro e de direita t entam fortalecer o grande grupo para derrotá-lo nas eleições do ano que vem. Por enquanto, o maior desafio de PMDB, PSDB, PR, PTB e DEM é chegar ao consenso de quem poderá encabeçar a chapa, já que pelo menos quatro políticos brigam pelo posto. Os deputados federais Fraga (DEM) e Izalci Lucas (PSDB), o ex-deputado distrital Alírio Neto (PTB) e Jofran Frejat (PR), candidato derrotado por Rollemberg em 2014, são nomes fortes na disputa e, uns mais que outros, vão lutar para provar que são a melhor opção.

Todos acreditam que reúnem as condições necessárias para representar a alternativa ao atual governo. Mas nenhuma deles desponta como franco favorito. “Ninguém tem voto, mas todo mundo tem vontade”, analisa um dos articuladores do grupo, sob a condição de anonimato.

O momento é confuso, já que o PR ainda transita entre a base – com o deputado Agaciel Maia na liderança do governo na Câmara Legislativa – e a ferrenha oposição, com o nome de Frejat tido como um dos que tem menor rejeição entre os quatro. Em outra ponta, Izalci enfrenta resistência dentro do próprio partido, que também está dividido entre a base e a oposição.

Frejat é o mais lembrado pelos eleitores entre todos eles, com os votos herdados do ex-governador José Roberto Arruda (PR), que foi impedido pela Justiça Eleitoral de disputar o governo em 2014. Foram 649.587 mil eleitores e a sensação de que o Buriti esteve perto.

Mais que votos

Mas os requisitos para definir quem poderá ser o melhor representante do grupo ainda são indefinidos e cada um defende um caminho para resolver a questão. Fraga é prático e diz que pesquisa de intenções de voto é importante, mas o que conta mesmo é a capacidade do político de agregar apoios na hora de fechar a aliança. “Eu estou no páreo, já fui atestado em eleição majoritária, fui o deputado federal mais votado na eleição passada, tenho experiência administrativa… mas quem tem que decidir isso é o grupo”, pondera o candidato a candidato.

A união dos partidos em torno da causa é o que mais conta agora, na opinião do deputado do DEM. “Estamos procurando construir esse entendimento para não dividir o grupo. “O interesse em resgatar Brasília tem de estar acima dos interesses pessoais”, conclui.

Roney Nemer, deputado federal que preside o PP-DF e também faz parte do grupo, diz que os quatro nomes têm chances reais para encabeçar a chapa. E que o perfil do candidato vai contar muito na hora de definir quem vai assumir o posto. “O critério deve ser a aceitação do povo e isso é possível medir com pesquisa. Agora a rejeição também tem de ser levada em conta”, opina.

Filippelli miraria o parlamento

Apesar do respeito que os membros do grupo dizem ter pelo ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), que foi um dos mentores do encontro dos partidos de centro e direita, é praticamente unânime o entendimento de que a imagem dele está muito desgastada para tentar concorrer ao Governo do DF. E o nome dele, se a Justiça não impedir, é tido como certo para uma disputa proporcional, cujo mandato de deputado – distrital ou federal – já lhe garantiria o tão sonhado foro privilegiado.

A viabilidade jurídica de cada candidatura também é ponto importante a se considerar na hora de se montar a chapa, diz Alírio Neto, que, antes de chegar a este ponto, mencionou que o índice de rejeição do candidato deve contar tanto quanto as intenções de voto que ele tenha. “Na próxima reunião do grupo, vamos apresentar ideias para definir os critérios e um cronograma de atuação”, explica o ex-deputado distrital, que por poucos votos viu a eleições para a Câmara dos Deputados escapar em 2014.

Para ele, além de estar bem colocado em pesquisas, o candidato deve ter capacidade de agregar apoios. Ele conta que tem a seu favor o apoio irrestrito da direção nacional do PTB, que deu carta branca para que ele entrasse na disputa, inclusive garantindo recursos do fundo partidário.

A reportagem não conseguiu falar com Frejat, até esta publicação.

SAIBA MAIS

  • O tucano Izalci Lucas terá de enfrentar uma briga no PSDB para viabilizar a candidatura. E já é tido como carta fora do baralho por alguns do grupo da direita. Mas garante estar na disputa e se coloca como melhor opção. “Eles terão de me convencer que são melhores que eu”, resume.
  • Na opinião dele, para governar, é preciso ter um planejamento. “Não adianta estar na frente nas pesquisas”, argumenta, ao citar casos de tucanos vitoriosos que começaram mal nos levantamentos de intenções de voto, a exemplo do prefeito de São Paulo, João Dória, e do governador goiano Marconi Perillo.
  • “Eu não vi ainda a proposta de nenhum deles para Brasília. Mas não vai ser fácil me convencer que eles têm melhor proposta que a minha”, repete, antes de lembrar que não poderia ser candidato sozinho.
  • Sobre a definição dos critérios, ele analisa que não será fácil. “Vamos ter que discutir quais as propostas concretas de cada um. E quem quer que seja escolhido tem que estar com uma vontade muito grande de acertar e de trabalhar para tirar Brasília do caos”, conclui.

Fonte: Jornal de Brasília