Governador confirma: o parcelamento do salário de servidores deve vir

Pagamento integral de julho está assegurado, mas o de agosto terá duas etapas

Eric Zambon
[email protected]

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) admitiu que os salários de agosto dos servidores estão ameaçados. Durante uma solenidade para instituir um programa de voluntariado — o Brasília Cidadã — na tarde de ontem, na Residência Oficial de Águas Claras, ele confessou até mesmo que sua gestão programa calotes mensais para assegurar a folha. Dessa vez, no entanto, nem isso garantiria os repasses.

“Todo final de mês, quando chega dia 25, aproximadamente, nós travamos pagamento de fornecedores e prestadores de serviço, muitas vezes comprometendo a qualidade de serviços públicos, para poder honrar o pagamento dos servidores”, disse. O socialista acrescentou que os salários de julho só estão assegurados pois o Buriti conseguiu uma liberação de verba do Fundo Constitucional junto ao Governo Federal.

A situação é grave e, nas palavras do próprio Rollemberg, exige uma luta “diária, semanal e mensal” para descobrir onde conseguir mais recursos para arcar com a onerosa folha de pagamento da máquina pública. Ele estima que, atualmente, os salários dos servidores representem 82% do orçamento geral do DF, incluindo o dinheiro do Fundo Constitucional. “Num ambiente em que o País não cresce, é muito difícil honrar os compromissos”, lamentou.

À espera de um milagre

O Jornal de Brasília mostrou nos últimos meses que a arrecadação tributária do DF está aquém das projeções otimistas feitas pela Secretaria de Fazenda no início do ano. Um dos vilões é justamente um tributo que serve de termômetro para medir a atividade financeira: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Conforme a Fazenda, até maio o recolhimento havia sido reduzido em mais de R$ 50 milhões, em comparação com o mesmo período de 2016.

Nesse contexto, o governo de Brasília pretende contar com apoio de Michel Temer para sancionar o projeto que dará fim à guerra fiscal. Isso impediria estados vizinhos de aumentarem benefícios ou diminuírem impostos sem reação do GDF, favorecendo, assim, a evasão de empresas da capital.

Na solenidade de ontem, Rollemberg afirmou que a questão ainda não foi apreciada pelo peemedebista, sem dar detalhes se houve alguma resposta animadora. Nessa caso, o governador já demonstrou ter muito o que temer.

Do jornal de Brasília