Bancada do DF no Congresso de olho em 2018

 

Os deputados federais e senadores do Distrito Federal negociam a formação de chapas para a disputa do ano que vem. Entre os representantes da capital, há pré-candidatos a cargos majoritários e até à presidência da República.
Por ANA VIRIATO-Correio Braziliense – 03/07/2017 – 08:03:11

A quinze meses das eleições, os representantes do Distrito Federal no Congresso Nacional intensificam as articulações para a formação de chapas e para a definição de cargos. Há os que miram a reeleição na Câmara dos Deputados ou no Senado, o comando do Palácio do Buriti e, até mesmo, a Presidência da República. Para conquistar as vagas pleiteadas, entre as brechas do cotidiano parlamentar, todos buscam rapidez nas definições do campo eleitoral — um bom tempo de propaganda eleitoral será indispensável no primeiro pleito sem financiamentos de empresas e com menos tempo de campanha.

 

O deputado federal Izalci Lucas (PSDB) deixou claras as pretensões para o próximo ano: a chefia do Executivo local. Há meses, o parlamentar trabalha na construção de um grupo sólido para alcançar cargos majoritários. Ainda integram a coalizão outros nomes conhecidos da direita brasiliense, como Jofran Frejat (PR), Alírio Neto (PTB), Tadeu Filippelli (PMDB) e Alberto Fraga (DEM). O lema é que o pré-candidato com as melhores condições até o período das eleições seja o escolhido do grupo para concorrer ao Palácio do Buriti.

 

A princípio, a tendência era de que, entre os integrantes da aliança, Tadeu Filippelli (PMDB) disputasse a vaga. Contudo, com o desgaste do peemedebista gerado pela prisão temporária na Operação Panatenaico, as portas se abriram — ainda mais — para Izalci. As investigações apontam que Filippelli teria recebido valores indevidos em importantes obras da capital, como na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha e do BRT Sul.

 

Diante do revés do aliado, Izalci tem aproveitado as oportunidades. Na última semana, pediu que o partido investisse em sua candidatura e encarasse Brasília como prioridade, em encontros com o presidente da Executiva Nacional do PSDB, Tasso Jereissati; com o presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), José Anibal; e com o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). “O objetivo foi este: mostrar que a capital é simbólica e que, por isso, o partido deve encará-la como meta, não como coadjuvante”, defendeu o pré-candidato.

 

Integrante da chapa de Izalci, o deputado Alberto Fraga afirma, em público, que pretende ser o escolhido do grupo para disputar a chefia do Palácio do Buriti. Nos bastidores, trabalha por uma vaga no Senado. Alguns colegas acreditam, no entanto, que o democrata deve optar pela tentativa de reeleição — a hipótese é refutada por ele. “Tive quatro mandatos como deputado federal, não pretendo tentar outro. Se não conseguir a vaga como governador, posso disputar o Senado. Temos de estar abertos ao debate. Pensar individualmente foi o que fez a direita perder as duas últimas eleições”, apontou.

 

Jogo aberto

 

Fora do “acordão”, outros nomes também costuram pela conquista de cargos majoritários. O deputado federal e ex-governador tampão do DF, Rogério Rosso (PSD), é cotado para o Senado. Para conquistar a vaga, porém, o pessedista terá de voltar a ficar em evidência, como nos últimos dois anos, quando liderou a Comissão Especial do Impeachment de Dilma Rousseff (PT) e concorreu à presidência da Câmara dos Deputados.

 

Publicamente, o parlamentar prefere não especificar as pretensões para 2018. “Acho que é muito cedo para pensar nas eleições, independentemente do cargo pleiteado. Estamos estruturando o partido para, mais uma vez, disputar as majoritárias. Temos bons nomes e miramos em novos filiados”, apontou Rosso.

 

Para candidatar-se a deputado federal ou senador, o pessedista precisará de jogo de cintura para driblar os possíveis danos causados à própria imagem pela Operação Panatenaico. Segundo delações de ex-executivos da Construtora Andrade Gutierrez, Rosso pediu, por meio de um emissário, R$ 12 milhões em propina e recebeu R$ 500 mil. Ele nega as denúncias.

 

Cambaleante em razão dos escândalos recentes, o PT tem apostas próprias para as próximas eleições. Um dos principais nomes da legenda em Brasília, Erika Kokay (PT) pode disputar uma vaga no Senado ou o comando do Executivo local. A escolha dependerá da distribuição interna de cargos na legenda, que é integrada por outros possíveis candidatos a cargos majoritários, como Wasny de Roure, Chico Vigilante e Ricardo Berzoini. Este último trocou o domicílio eleitoral de São Paulo para o DF neste ano.

 

Pelo segmento religioso, que deseja abocanhar um posto no Senado ou a vice-governadoria do DF, o nome mais expressivo é o do deputado federal Ronaldo Fonseca (Pros). O parlamentar é coordenador da bancada evangélica na Câmara dos Deputados e presidente da Igreja Assembleia de Deus de Taguatinga.

 

Laerte Bessa (PR) e Augusto Carvalho (SD) devem postular a reeleição. O primeiro, integrante da bancada da bala, surfará na rejeição de Rodrigo Rollemberg (PSB) na Polícia Civil para ganhar votos. O segundo, eleito com o apoio da coligação que fortaleceu o governador no pleito de 2014, terá de buscar mais apoio para permanecer na Câmara dos Deputados após as eleições de 2018.

 

Rôney Nemer (PP), por outro lado, nem sequer deve entrar na corrida eleitoral. Condenado em segunda instância por improbidade administrativa no âmbito da Operação Caixa de Pandora, o parlamentar está inelegível e só poderá participar do pleito se conseguir reverter a decisão do Tribunal de Justiça do DF no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

Fora

 

Procurado por dezenas de pré-candidatos que buscam apoio político, o senador mais bem votado do DF, Reguffe (sem partido), decidiu completar o mandato de oito anos e, consequentemente, ficar de fora das eleições de 2018. “Vou honrar integralmente meu compromisso com a população”, disse. Em fim de mandato, a tendência é que Cristovam Buarque (PPS) tente a reeleição. A pretensão do parlamentar, no entanto, é voar mais alto. Como em 2006, ele deseja disputar a presidência da República. “Se o PPS quiser que eu seja candidato, estou pronto. É algo que me entusiasmaria”.

 

Suplente de Rodrigo Rollemberg no Senado, Hélio José (PMDB) deve enfrentar a difícil missão de se eleger senador sem o apoio do próprio partido. O parlamentar votou contra a reforma trabalhista, uma das principais metas do presidente Michel Temer (PMDB), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Pela “traição”, o chefe do Palácio do Planalto exonerou dezenas de comissionados de Hélio.

 

 

FUTURO

A situação dos representantes do DF e as perspectivas de cada um para a corrida eleitoral

 

CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

Alberto Fraga (DEM)

Integrante da bancada da bala na Câmara dos Deputados, ele afirma publicamente que será candidato a governador. Nos bastidores, trabalha para tentar uma vaga no Senado. Conquistou o quarto mandato com 10,66% dos votos — o maior percentual entre os concorrentes.

 

Augusto Carvalho (SD)

Eleito deputado federal com o apoio da base de Rodrigo Rollemberg (PSB), deve tentar, novamente, um posto na Câmara. Para isso, precisa construir um sólido campo eleitoral.

 

Erika Kokay (PT)

Presidente regional do PT, a deputada federal é apontada como possível candidata ao Senado ou ao Palácio do Buriti. Em 2014, abocanhou a terceira melhor colocação entre os deputados eleitos no DF.

 

Izalci Lucas (PSDB)

Busca acordos nacionais para se tornar candidato à chefia do Executivo local. Entre os integrantes da coalizão de postulantes a cargos majoritários, é o que tem trabalhado mais intensamente para virar candidato.

 

Laerte Bessa (PR)

Tende a disputar a reeleição como deputado federal. Um dos nomes mais expressivos da bancada da bala, ele fará uso da rejeição de Rodrigo Rollemberg na Polícia Civil para se promover.

 

Rogério Rosso (PSD)

Deve ser candidato ao Senado. Ex-governador do DF e afilhado político de Joaquim Roriz, terá de voltar à cena de destaque, como quando disputou a presidência da Câmara dos Deputados, mas acabou derrotado por Rodrigo Maia.

 

Ronaldo Fonseca (Pros)

Presidente da Igreja Assembleia de Deus de Taguatinga, ele é a principal aposta da bancada evangélica para um posto no Senado ou para a composição de uma chapa na disputa pelo Palácio do Buriti.

 

Rôney Nemer (PP)

Condenado por improbidade administrativa em segunda instância, ele está inelegível. Concorrerá apenas se conseguir reverter a decisão do TJDFT no STJ. Pertence ao grupo político de Tadeu Filippelli (PMDB).

 

 

SENADO

 

Cristovam Buarque (PPS)

Cacique da política brasiliense, deve disputar a reeleição, mas não esconde o desejo de ser presidente da República. Como em 2006, postula o apoio do partido para tentar concorrer ao principal cargo do país.

 

Hélio José (PMDB)

Suplente de Rodrigo Rollemberg, enfrentará dois entraves para abocanhar uma vaga no Senado: o desgaste frente ao próprio partido e o fato de ser pouquíssimo conhecido — candidato a deputado distrital em 2014, conquistou apenas seis votos.

 

Reguffe (sem partido)

Senador mais bem votado do DF, não deve disputar as eleições em 2018, permanecendo no Senado Fedearal até 2022.