Rollemberg parte para o ataque e diz que JBS ‘quebrou a cara’

Foto: Ariadne Marçal

Millena Lopes
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O governador Rodrigo Rollemberg jura de pés juntos que jamais recebeu propina da JBS, como foi dito em depoimento do o diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. Ele disse que os R$ 852,8 mil repassados pela empresa à campanha foram declarados à Justiça Eleitoral e que, se a JBS esperava contrapartida do governo “quebrou a cara”

Saud disse, no depoimento, que 16 governadores eleitos receberam propina em forma de doação eleitoral. E afirma que dois deles são do PSB. Na lista apresentada por ele, o nome de Rodrigo Rollemberg aparece com o valor de R$ 852,8 mil à frente. Este é exatamente o valor declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 41 doações.

Ontem, em evento no Setor Sol Nascente, em Ceilândia, Rollemberg afirmou que o delator generalizou, “como se toda doação oficial fosse propina”. E garantiu que jamais ofereceu nada em troca pela generosidade da empresa goiana. “Em nenhum momento, foi discutido contrapartida ou beneficio”, contou, ao reiterar que está tranquilo com relação à investigação.

“Eu desafio qualquer executivo da JBS a apontar qualquer benefício ou contrapartida que tenha sido dado. Muito pelo contrário, quebraram a cara”, sustentou ao citar que a empresa procurou benefícios fiscais para se instalar aqui, mas não teve sucesso. Rollemberg também prometeu tomar medidas “pessoais e judiciais” cabíveis.

Na noite de segunda-feira, o governador já começou a se explicar aos aliados. Aos mais íntimos, o chefe do Executivo enviou, pelo WhatsApp e do próprio celular, uma resposta pronta e minuciosamente elaborada, como se fosse uma nota oficial. As contribuições da JBS ao PSB-DF e à campanha do governador Rodrigo Rollemberg, diz a mensagem, estão registradas junto ao TSE “e se deram de forma lícita e sem qualquer promessa de contrapartida”. Diz ainda que não houve qualquer ação do governo que tenha trazido benefícios grupo. “Pelo contrário, houve um pedido da empresa para obter um regime especial tributário para instalação de uma unidade fabril, o que foi recusado˜, diz a nota.

Em busca de explicações

O conteúdo das delações foram pauta de discussões no Plenário da Câmara Legislativa, ontem. E a oposição cobrou explicações. “Em vez de ligar para deputado para pedir para não ficar falando sobre ele em Plenário, o governador devia pedir que a denúncia fosse investigada”, alfinetou o distrital Wellington Luiz (PMDB).

Celina Leão (PPS), que já defendeu até a instalação de uma CPI para investigar o assunto na Casa, citou “velhas práticas” e “hipocrisia”, ao mencionar o assunto. “Isso é muito grave. Estou perplexa com a fala do governador, que diz que, se a JBS doou dinheiro, o GDF não deu qualquer contrapartida”, disse.

Raimundo Ribeiro (PPS) destacou a fala de Ricardo Saud, segundo o qual todo o dinheiro doado era propina. “Se o governador recebeu R$ 852 mil, que é a parte visível, evidentemente tem de explicar isso”, provocou.

Em defesa do chefe do Executivo, o líder do governo, Rodrigo Delmasso (Podemos), leu a nota oficial do governo e repetiu que as doações foram registradas no TSE “de forma lícita e sem qualquer negociação”.

Fonte: Jornal de Brasilia.