Adasa: Para não precisar do racionamento Reservatórios do DF precisariam atingir 70%

    Reservatórios do DF precisariam atingir 70% antes da seca, diz Adasa

    ‘Situação ideal’ é semelhante à do mesmo período em 2016. Na época, maior tanque transbordou, liberando ‘excesso’ de água; agora, professor alerta para risco de volume zero.

    O diretor-presidente da Agência de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal, Paulo Salles, disse nesta terça-feira (14) que, para que a cidade não precise de medidas de racionamento de água ainda mais rigorosas no auge da seca, os reservatórios locais precisariam recuperar o volume de, pelo menos, 70% até abril.

    “Se estivermos entre 70% e 80%, isso seria uma meta razoável para termos um 2017 mais confortável.”

    “Esse tipo de situação é simulado regularmente pela Adasa, mas depende do volume da chuva nos próximos meses e de como a população vai estar consumindo”, declarou durante uma audiência pública no Ministério Público.

    Segundo dados da Caesb, responsável pelo abastecimento de água, o reservatório do Descoberto estava em 96,51% e o do Santa Maria em 74,61% no mesmo período do ano passado. A condição “favorável”, no entanto, ocorria um mês depois de os reservatórios transbordarem, em março de 2016.

    Em 2017, no entanto, a situação é outra: nesta terça, o volume do Descoberto alcançou 46,9% e o do Santa Maria 47,5%. Apesar da chuva rápida que caiu na cidade, a estação automática do Inmet registrou apenas 13,8 milímetros de chuva, muito abaixo da média para o mês de março, que já é o mais quente desde 1963.

    Segundo Salles, caso os reservatórios não atinjam as metas esperadas, o governo precisará adotar novas medidas para “endurecer” o racionamento. A Caesb não descarta aumentar o período de cortes de água ao consumidor, que hoje é de 24 horas por semana. Na prática, no entanto, esse tempo já chega a 72 horas em alguns casos.

    Reservatórios zerados

    Para o professor da UnB Henrique Leite Chaves, especialista em manejo de bacias hidrográficas, a situação é mais crítica do que parece. “Se nós fizermos um racionamento inteligente, pode ser que a gente tenha saldo de 10 a 15% no final do ano”, afirmou.

    “É provável que nós cheguemos ao final do ano com os reservatórios zerados.”

    Apesar do cenário pessimista, Salles disse que Adasa não trabalha com a hipótese de as bacias zerarem a capacidade “porque isso seria uma tragédia”. O diretor da agência explicou que, diferentemente do que ocorreu em São Paulo, a cidade não suportaria por muito tempo o uso do chamado volume morto, já que essa reserva no DF é muito pequena.

    Para tentar reduzir o impacto da crise durante a seca, o Palácio do Buriti aposta na obra emergencial de captação de água do Lago Paranoá. Para sair do papel, o projeto precisará de uma injeção de R$ 55 milhões do governo federal nas contas do DF. O pedido de socorro foi feito há um mês, mas a verba ainda não foi liberada.

    Nesta terça, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou que recebeu “sinal verde” da União para tocar o projeto emergencial de captação de água no Lago Paranoá. Ao G1, o Ministério da Integração Nacional informou, no entanto, que o projeto continuava em análise, mas “podia sair a qualquer momento”.