Audiência para debater uso de verba. Se não sabia pra quê seria, por que cobrou?

    Audiência pública debate uso de verba arrecadada com taxa extra de água

    Audiência pública debate uso de verba arrecadada com taxa extra de água

    Cerca de 80 pessoas participaram do encontro promovido pela Adasa. Muitas criticaram a cobrança feita pela Caesb desde dezembro do ano passado
    Por Correio Braziliense Foto: Reprodução / Divulgação – 07/03/2017 – 19:13:24

    Muitas críticas e algumas propostas foram feitas na audiência pública promovida pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Público do Distrito Federal (Adasa) nesta terça-feira (7/3). O objetivo da reunião foi colher contribuições para a resolução que definirá o uso dos recursos arrecadados com a tarifa de contingência que vem sendo cobrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) devido à crise hídrica.

     

    Mais de 80 pessoas participaram da reunião promovida pela agência. Entre os presentes estavam estudantes e professores do ensino médio da rede pública do Distrito Federal, representantes da sociedade civil, assessores parlamentares e o corpo de técnicos e diretores do órgão.

     

    Uma das propostas lançadas pelo assessor parlamentar do gabinete do deputado Joe Valle (PDT), Diogo da Matta Garcia, é a garantia de que 10% do total de recursos arrecadados serão destinados à educação ambiental. “Também consideramos primordial a implantação de estruturas de sinalização e interpretação ambiental em áreas protegidas, unidades de conservação, nascentes, matas ciliares e demais áreas necessárias à preservação de recursos hídricos”, acrescentou.

    A professora de língua portuguesa Mayssara Reany de Jesus propôs que parte da verba da tarifa de contingência seja destinada ao consumo consciente de água para o setor de agronegócio, como também que sejam feitos investimentos para a preservação de nascentes. “Há mais de 15 anos, brota água de uma nascente em frente ao CEF 01, em Brazlândia. A Adasa, o Ibram e a Caesb nunca tomaram providência alguma e a população faz uso dela para a lavagem de carros”, advertiu.

     

    A vice-presidente da Associação de Profissionais de Engenharia Ambiental do Distrito Federal, Bruna Sousa, interrompeu a reunião e bradou. “É a terceira vez que a Adasa faz uma audiência pública e não temos o retorno imediato da agência”, protestou.

     

    Segundo o superintendente de Estudos Econômicos e Fiscalização Financeira da Adasa, Cássio Cossenzo, todas as contribuições serão levadas em consideração. Cossenzo disse que até 25 de março a agência dará uma definição sobre a destinação da verba da tarifa de contingência. “Uma equipe técnica e a direção do colegiado se reunirão para bater o martelo. Entre as propostas já analisadas, estão: campanha de conscientização para o uso d’água, investimentos e custos em novos projetos e para a redução de perdas.”

     

    Entretanto, ele também considerou que “a própria concessionária tem o conhecimento técnico melhor sobre o que deve ser aplicado”.
    Para o representante do Fórum Permanente em Defesa do Parque Ezequias Heringer, José Gurgel, o povo continua pagando pela falta de planejamento do governo. “Em dois anos e meio, a Caesb não fez sequer um projeto para evitar a falta de água. Caminhão pipa? Vamos voltar à idade da pedra?”, questionou.

     

    No meio do seu discurso, ele ironizou a atuação conjunta da Adasa e da Caesb. “Com este dinheiro da tarifa de contingência, daria para comprar água mineral para toda a população do Distrito Federal”, ironizou. Gurgel não considera que essa audiência pública vá resolver de maneira transparente como gastar o dinheiro da tarifa de contingência. “Isso não adianta nada. Teria de ser realizada uma audiência deliberativa”, comentou.

     

    Para o professor aposentado Klecius Oliveira, o governo quer que o consumidor pague, mas não leve a água. “A população está sendo duplamente punida: tanto pela falta d’água como pelo pagamento da taxa”, analisou. Klecius questionou a ingerência do governo sobre a questão da crise hídrica. “Ou é incompetência ou é má fé. A população uma hora vai se revoltar com tudo isso”, afirmou.

     

    Até as 17h de 13 de março de 2017, os cidadãos poderão enviar contribuições para a redação da resolução. Isso pode ser feito pelo endereço eletrônico [email protected] ou ser remetido por correspondência endereçada ao Protocolo Geral da Adasa.