Planilha no celular de Liliane Roriz revela divisão de cargos dos distritais no Governo de Brasília
A deputada distrital entregou o aparelho à força-tarefa da Operação Drácon, da qual ela foi colaboradora
Uma planilha encontrada no telefone celular da deputada distrital Liliane Roriz (PTB) mostra como funcionava o loteamento de cargos na administração de Rodrigo Rollemberg (PSB) antes do início da Operação Drácon. A relação traz o nome de 16 deputados distritais, o local em que os indicados estavam lotados e quantidade de cargos de cada um.
Num total, o governo de Rollemberg distribuía, segundo a planilha, 2.780 cargos para os parlamentares. Os deputados que constam com o maior número de indicações na época eram Raimundo Ribeiro (PPS) e Joe Valle (PDT), cada um com 650 indicações.
Ribeiro teria mais influência na Secretaria de Justiça, na Fundação de Amparo ao Trabalhador e em Sobradinho. Já Valle, influenciava a Agricultura, a Ceasa, a Secretaria de Educação, Mulher, Trabalho e Transferência de Renda, além da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal e as administrações do Varjão e do Lago Norte.
O GDF não se posicionou até a publicação desta matéria. Por meio de nota, a distrital Telma Rufino (sem partido) disse que o número de 70 indicações “não condiz com a realidade” e que tem 55 pessoas nomeadas por ela na administração de Águas Claras.
Juarezão explicou, também por nota, que “é comum que parlamentares tenham participação na administração pública”, quando integram a base do governo, mas disse que “o registro quantitativo desses quadros, no entanto, parece um tanto arbitrário”. A deputada Sandra Faraj alegou desconhecer a planilha.
Liliane Roriz reconheceu que chegou a ter 60 cargos no Recanto das Emas, mas todos foram exonerados. O Metrópoles ainda não conseguiu contato com os demais distritais.
Operação
A primeira fase da Operação Drácon foi realizada no dia 23 de agosto, quando investigadores do MPDFT e da Polícia Civil fizeram buscas na CLDF. Pouco tempo depois, os investigadores recolheram os aparelhos celulares de Liliane e de outros parlamentares, como Celina Leão (PPS), Bispo Renato (PR), Julio Cesar (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Cristiano Araújo (PSD).
Eles foram investigados por conta de uma emenda que direcionou R$ 30 milhões de sobras da CLDF para o pagamento de empresas de UTI que atuavam em Brasília. Os parlamentares teriam recebido propina pela operação.
Na última segunda-feira (21/11), o MPDFT denunciou os deputados envolvidos no caso por corrupção passiva. Já na terça-feira (22), o desembargador José Divino retirou o sigilo dos autos. (Metrópoles)