O governo de Brasília insiste em patrocinar viagens desnecessárias com dinheiro público

    VIAJAR NEM SEMPRE É PRECISO

    A crise ainda não impede gastos dispensáveis

    POR HELIO DOYLE – 21/10/2016 – 07:11:41

    O governo de Brasília insiste em patrocinar viagens desnecessárias com dinheiro público, apesar das críticas que vem sofrendo. Não se trata apenas dos valores, mas de ser coerente com o momento de crise financeira pela qual passa o governo. Se o dinheiro está curto e o Estado não pode honrar seus compromissos, tem de cortar despesas supérfluas e até mesmo importantes, mas não essenciais. …

    O Diário Oficial do DF publica autorização para que a subsecretária de Políticas de Desenvolvimento e Promoção Cultural, Mariana Soares Ribeiro, viaje para Bogotá, com passagens e diárias pagas pelo governo, para participar da 2ª Edição do Mercado de Indústria Cultural do Sul.

    Como o encontro é de 16 a 21 de outubro e o despacho do chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, é de 19 de outubro, a subsecretária deve ter viajado antes da autorização.

    Viajar nem sempre é preciso

    Hermes de Paula, que já foi secretário de Obras e presidente da Novacap, diz que “99% das viagens internacionais e locais são dispensáveis, pois não agregam nada de prático para o Estado”. Ele conta que nos 16 meses em que esteve à frente da Novacap fez uma só viagem, às suas custas, para conhecer tecnologias inovadoras de recuperação de pavimentos.

    As viagens, na verdade, beneficiam mais as pessoas físicas que o Estado. Muitas vezes o secretário ou dirigente de empresa até faz contatos importantes e conhece novas práticas, mas logo deixa o governo e leva com ele os ensinamentos.

    Isso, quando não se limitam a cumprir uma agenda básica e passear.

    Para desestimular os turistas

    Uma maneira de dar transparência aos gastos com dinheiro público seria o governo divulgar publicamente os relatórios das viagens, com a agenda cumprida, contatos realizados e benefícios reais ao Estado e à população. Além, claro, dos custos.

    Só essa obrigação já eliminaria muitas viagens desnecessárias, pois alguns nada teriam a dizer nos relatórios. Se bem que há sempre gente bem criativa para simular produtividade.