Vai Vendo: FAP libera R$ 1,4 milhão para mulher de secretário do GDF

    Heloísa Maria Moreira Lima de Almeida Salles conseguiu recursos para 300 bolsas de estudantes da UnB em 2015. Dinheiro não entrou da mesma forma antes de marido assumir pasta de Ciência e Tecnologia. Nem depois que ele saiu

    77Em setembro do ano passado, quando o Palácio do Buriti não tinha dinheiro para nada e tentava administrar a fúria dos servidores públicos sem reajuste salarial, a mulher de um secretário do GDF conseguiu o aporte de R$ 1,4 milhão da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP), entidade diretamente ligada ao governo local. E justamente sob a área de influência do marido.

    Heloísa Maria Moreira Lima de Almeida Salles é casada com Paulo Salles, que até 22 de outubro de 2015 era o secretário de Ciência e Tecnologia do DF. Ele deixou o cargo para assumir o comando da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento da capital, a Adasa.

    A mulher de Paulo Salles é doutora e professora da Universidade de Brasília. Desde 2013, dirige a área de Fomento à Iniciação Científica do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB. Ou seja, é missão dela mesmo fazer os pedidos de bolsas para os interessados. O inusitado é que somente quando o seu marido esteve no primeiro escalão do governo ela conseguiu um aporte tão volumoso da FAP. Essa fundação é independente, mas recebe o dinheiro do GDF e o repassa para as instituições de ensino.

    A soma milionária foi liberada para o departamento chefiado por Heloísa Salles em setembro de 2015, pouco antes de Paulo Salles deixar secretaria e ir para a Adasa. No mesmo mês, ela ainda conseguiu R$ 49.981 para financiar o 21º Congresso de Iniciação Científica da UnB.Mas em 2013, quando assumiu o cargo, o prestígio de Heloísa estava muito longe da casa dos milhões. Naquela época, ela só conquistou uma cota de R$ 45 mil para a execução de um projeto. Em 2014, foi pior ainda. Não obteve nenhum centavo. O mesmo ocorre agora em 2016, pelo menos até agora.

    Somados, os dois valores, liberados em apenas um mês, representaram 18% do total de empenho liquidado pela FAP em 2015, que chegou a R$ 8.365.685,94, segundo dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo). A parcela de R$ 1,4 milhão foi destinada à concessão de quota institucional de 300 bolsas de iniciação científica em nome de Heloísa.

    Enquanto isso, outras instituições de ensino, como a Universidade Católica de Brasília (UCB), receberam no mesmo período apenas R$ 384 mil para 80 bolsas.

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    Foto do casal

    Paulo Salles é compadre do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). O chefe do Executivo é padrinho da filha dele, Mariana Salles, hoje lotada na Casa Civil.

    Explicação
    A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF) explicou que o Edital 04/2015, referente ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Tecnológica e de Inovação, trata da concessão de bolsas e é direcionado às instituições que possuem programa de iniciação científica. Essas instituições precisam ter um coordenador Institucional de Iniciação Científica.

    A professora Heloísa Salles foi nomeada, em 2013, pelo reitor da Universidade de Brasília (UnB), diretora de Fomento à Iniciação Científica do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação. Nesta condição, ela é a responsável pelas bolsas de iniciação científica e, consequentemente, por fazer os pedidos de bolsas previstas pelos editais.”

    Trecho da nota da FAP-DF

    A diretora vice-presidente da FAP, Regina Buani, explicou que o montante solicitado depende do tamanho da universidade e da capacidade de atender os programas. Por isso, o valor destinado à Universidade de Brasília teria sido maior do que o liberado para outras instituições. “O total do edital foi de R$ 5 milhões divididos em 500 cotas de bolsas, por 12 meses, com valor individual de R$ 400. O edital previu, ainda, que cada instituição poderia ser contemplada com, no máximo, 300 cotas – que foi o caso da UnB”, destaca em nota.

    O texto ainda ressalta que todo o trâmite processual rotineiro foi adotado tanto para a UnB como para as demais instituições contempladas, seguindo os ritos legais cumpridos pela FAP/DF. O número de bolsistas depende da pontuação de cada instituição.

    ReproduçãoREPRODUÇÃO

     

    A FAP explicou ainda que Heloísa submeteu proposta para obtenção de recursos para organização de um congresso. Considerado o mérito e relevância da proposta, ocorreu repasse no valor de R$ 49.981,67. “Dessa forma, a diretora não recebeu recursos para sua pesquisa nem mesmo para a apresentação de seu próprio trabalho. Na verdade, esse recurso foi destinado à organização de evento para a apresentação de trabalhos de alunos bolsistas de iniciação científica.”

    Ao Metrópoles, Paulo Salles deu explicação semelhante. Disse que a mulher não foi beneficiada como pessoa física, mas como diretora de uma área da UnB. Ele disse ainda que a FAP é autônoma e que ele não participou diretamente da autorização. Fonte: Metropoles.

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