Paranoá Parque: Moradores reclamam de uma série de problemas no Residencial

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    Um sonho realizado pela metade. Esse é o sentimento dos moradores do Residencial Paranoá Parque, das quadras 2 e 4. Eles receberam os apartamentos do programa Morar Bem, vinculado ao Minha Casa, Minha Vida do governo federal, mas apontam falta de estrutura, organização, segurança, transporte e escolas.

    Ao todo, são 390 prédios, com 6.240 apartamentos. Os primeiros moradores receberam a chave do empreendimento em outubro de 2013. Outros, como a cabeleireira Adélia Santos, 33 anos, se mudaram recentemente. Ela mora no local há cinco meses, e a principal queixa é sobre o policiamento da região.

    “Falta tudo. Temos medo de andar na rua, pois a bandidagem está solta. Tanto pela manhã quanto a noite, os assaltos são frequentes. O uso de drogas é comum nos arredores. Nossas casas também são alvo de furtos porque não tem guarita, entra quem quer. A segurança é pouca e não inibe a ação. Precisamos de um posto policial urgente”, afirma Adélia.

    A equipe do JBr. encontrou dificuldades ao se locomover pelo residencial, pois não há placas, e as ruas,  em sua maioria, não têm retorno.

    Parquinhos

    Os parquinhos estão em péssimas condições, com balanços quebrados, estruturas emendadas com arame, escorregadores com buracos e cercas arrebentadas. Um deles está com a contenção do muro pela metade, apresentando risco de ceder com a ação do tempo e das chuvas.

    Saúde

    A costureira Aparecida Francisca de Andrade, 51 anos, morava de aluguel em Planaltina. Após ser contemplada pelo programa, se mudou com a família. Aparecida afirma que a população tem dificuldades de atendimento na área da saúde. Ela tem pressão alta e não consegue medicação no posto, que fica longe de casa.

    “O posto de saúde do Paranoá não suporta a demanda, está superlotado. E são muitas outras pessoas nessa situação. Precisamos que construam aqui dentro para que desafoguem o de lá. Nós, que somos de baixa renda, estamos felizes em ter o que é nosso, mas precisamos de condições mínimas”, observa Aparecida Francisca.

    Isolamento com falta de estrutura

    Segundo a líder comunitária Fabiana Oliveira, mesmo o transporte para a população em geral e os ônibus escolares não passam no condomínio. Ela defende a construção de escolas na localidade.

    “O governo tinha combinado que os transportes pegariam as crianças aqui dentro. Mas os motoristas ameaçam entrar em greve por falta de pagamento. As crianças têm que andar até a rua principal a pé por cerca de 20 minutos”, lamenta.

    O síndico da Quadra 2, Renato Israel, relata que o serviço dos Correios é inexistente. “Só pegaram a gente e jogaram aqui. Ou pegamos as correspondências no Lago Norte ou, então, temos que ir à nossa antiga residência. As contas não chegam se não corrermos atrás. É um sentimento de isolamento. Deviam ter feito essas melhorias antes de mudarem a gente. No projeto original, tinha verba para essas coisas”, acrescenta Renato Israel.

    Sévulo Peixoto é o síndico da Quadra 4. Segundo ele, a caixa d’ água está sem manutenção, pois a empresa anterior alegou término de contrato. Os próprios moradores se arriscam subindo 25 metros de altura para tentar resolver a situação. Há pouco tempo, eles tiveram problemas com vazamentos e, agora, a válvula da bomba está com defeito e, por não ter força suficiente para chegar aos apartamentos, alguns moradores estão sem água.

    “São problemas demais para a gente, que não tem condições. Além disso, os motoristas passam em alta velocidade, sobem na contramão, fazem retorno em local que é passagem de pedestre e, por isso, os acidentes cresceram na região”, enumera o síndico Sévulo Peixoto.

    Versão oficial 

    Procurada pelo JBr., a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab) explicou que entrou em contato com a construtora responsável pelo empreendimento e alegou que as caixas d’água estão com as bombas em funcionamento, e que  a manutenção fica a cargo dos síndicos. O responsável pela obra também esclarece que os parquinhos foram entregues em perfeito estado, e que moradores e síndicos devem zelar pela conservação dos equipamentos e limpeza do local. O SLU declarou que a coleta convencional no Paranoá Parque ocorre diariamente (segunda-feira a sábado), e que a varrição e a catação são alternadas. Os entulhos são de responsabilidade da construtora.  A empresa responsável pelo empreendimento informou que os resíduos das obras são retirados à medida que as etapas são concluídas. Sobre o relato de motoristas que não respeitam o local e sobem na contramão da avenida principal, o DER informa que enviará técnicos para verificar a situação. A Superintendência da Região Leste de Saúde afirma que não há previsão, no momento, de construção de novo centro de saúde na localidade. Contudo, é realizado redimensionamento da rede para otimizar a oferta de serviço e garantir maior assistência à população.

    Reivindicações não param

    Entre as demais reivindicações dos moradores do residencial Paranoá Parque está a construção de creches, viadutos com passarela interligando o Itapoã e Paranoá, a criação de uma subadministração, a liberação de alvarás para construção de comércio local, limpeza do local (ainda com restos de obras) e a construção de um balão às margens da DF-015.

    Governo não assume os problemas
    A Secretaria de Educação alega que não procede a informação de que os alunos estão sem transporte. Estudantes residentes no Paranoá Parque, afirma, são atendidos sem descontinuidade e não há atraso no pagamento das empresas que prestam serviço de transporte escolar na região.
    A Administração Regional do Paranoá esclarece que os parquinhos do Paranoá Parque e as quadras esportivas passam por limpeza constante e estão em bom estado de uso. A administração diz que realiza a roçagem das áreas e a manutenção básica para o bom funcionamento das áreas.
    Em relação às placas de endereçamento, a administração afirma que fez um levantamento de todas as quadras e setores do residencial para a instalação, autuou processo para a execução do serviço e aguarda a liberação de recurso.
    Em relação à segurança, a Polícia Militar informa que faz patrulhamento na área diuturnamente com viaturas, motocicletas e a pé. A corporação também reforça que há organizações sociais específicas com viaturas e bases móveis estacionadas em pontos estratégicos de maior circulação para fazer o policiamento comunitário e impedir ações criminosas, além do policiamento tático e reforço nas rondas noturnas.
    Amanhã, às 19h, está prevista, audiência pública com os moradores para discutir a falta de infraestrutura e equipamentos públicos no Residencial Paranoá Parque na Quadra 4, Conjunto 1, Lote 6 – Quadra de Esportes. Fonte: Da redação do Jornal de Brasília.
    Informa Tudo DF