Nasce no Distrito Federal o 36º partido

    Coordenada por deputado brasiliense, nova legenda assume perfil conservador e evangélico

    De forma discreta, uma nova legenda de raízes cristãs e evangélicas trabalha  para entrar no tabuleiro político nacional até o final deste ano. A poucos passos de cumprir os requisitos da Justiça Eleitoral, o Partido Republicano Cristão (PRC)  articula a filiação de 20 deputados federais. Será o 36º partido.

    No Distrito Federal, sem explicitar nomes, a nova sigla mantém conversas para a adesão de, pelo menos, dois deputados distritais. A legenda também  planeja participar das eleições de 2016, inclusive nos municípios da  Região Metropolitana do DF.

    “É o partido da família. Seremos um partido ideológico, cristão, republicano, conservador e de centro-esquerda”, sintetiza o coordenador nacional de formação do PRC, deputado federal Ronaldo Fonseca (PROS-DF).

    Defendendo o estado mínimo e a economia liberal, o PRC nascerá com  tendência  conservadora. As raízes do PRC estão fincadas na Assembleia de Deus, seguindo as gêneses cristãs, de forma semelhante a  PRB, PROS, PSC e  PEN.

    Apesar dos laços religiosos, Fonseca deixa claro que a legenda não aspira ser uma extensão da fé.

    “O partido não é uma igreja. Não pode segregar as pessoas. Vamos disputar  com todos os outros. É óbvio que nos identificamos com a Assembleia.  Mas não queremos nascer com o clichê de igreja”, afirmou.

    Segundo Fonseca, a nova sigla valorizará a ideologia, em detrimento dos resultados eleitorais. “Tem partido de esquerda que votou a favor do projeto de repatriação de dinheiro ilegal para o Brasil. Somos contra isso. Vamos exigir dos nossos filiados a ficha limpa”, comenta.

    Só com eleições

    O PRC trabalhará exclusivamente com diretórios eleitos, não aceitando administrações provisórias. Nas palavras de Fonseca, esta medida impedirá ingerências e intervenções da cúpula do partido, situação vista frequentemente em outras siglas.

    Nacionalmente, o partido adota posição de idependência, guardando sérias críticas ao governo de Dilma Rousseff. No DF, a nova sigla estuda qual postura irá adotar, mas também faz ressalvas à gestão Rollemberg.

    O PRC conseguiu formalizar o registro nos tribunais regionais eleitorais do DF, Mato Grosso, Amapá, Ceará, Tocantins e Sergipe. A sigla busca a formalização em outros seis estados. No Congresso, a bancada protestante tem 26 parlamentares. Na Câmara Legislativa, sete distritais têm fortes vinculos evangélicos.

     

    Espaço dá para todos

    A chegada do PRC é mais uma etapa no avanço dos grupos políticos protestantes. No DF, certas lideranças evangélicas consideram que há espaço eleitoral  de sobra  nas chapas proporcionais. Indo para as vagas majoritárias, estes grupos estudam  a formação de bloco multipartidário para disputar as urnas, seja numa aliança com outras forças ou com candidato próprio.

    “O nascimento do  PRC expressa a diversidade dentro do nosso segmento, que está unido na defesa as mesmas bandeiras e mesma visão de País”, pondera o distrital Rodrigo Delmasso (PTN). Na avaliação do também distrital Bispo Renato (PR), o PRC tem potencial para modificar o equilíbrio de forças e pode aglutinar lideranças religiosas.

    Do ponto de vista do bispo, o caminho para o Palácio do Buriti em 2018 passa inevitavelmente pelo eleitorado de políticos protestantes.

    Contra o “desprezo”

    “Nosso eleitorado não é só o público evangélico. E o desprezo politico que recebemos nos faz caminhar cada vez mais unidos. Pena que Rodrigo Rollemberg não vê isso”, provoca o distrital.

    Já o distrital Julio César (PRB) não considera que a solução para a crise política esteja na criação de novas siglas. “Tenho certa preocupação com esse grande número de partidos”, enfatiza. Pelo raciocínio do parlamentar, cuja votação foi a maior entre os distritais em 2014, a política necessita da renovação das pessoas, dos personagens que vêm encabeçando partidos e eleições.

     As posições do PRC

    1Público LGBT – Segundo Ronaldo Fonseca, o partido defenderá o conceito de família nos moldes da Constituição. “O partido não é contra os homossexuais. Mas para nós casamento é entre homem e mulher”, declarou.

    2Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões – A sigla é favorável. O Estado precisa ser forte na Saúde, Educação, Segurança e Habitação. Nesse sentido, a construção de uma ponte, por exemplo, pode ser terceirizada.

    3Financiamento de campanha – A legenda é contra   a ideia de  financiamento público, assim como condena o apoio de empresas. Para o PRC, o financiamento deve ser de pessoa física.

    4 Região Metropolitana – “A Região Metropolitana é a solução de Brasília. Não se pode mais virar as costas para ela. Sem essas cidades, o DF sofreria um déficit de trabalhadores”, detalhou Fonseca.

    5Redes sociais – O partido terá um diretoria específica para o tema. Do ponto de vista de Fonseca, as redes proporcionam que a democracia seja exercida mais diretamente e são fundamentais para acompanhar a opinião pública.

    Fonte: Da redação do Jornal de Brasília