ENTREVISTA COM O ADMINISTRADOR DO PARANÓA E ITAPOÃ, EDUARDO RODRIGUES

    EXCLUSIVO
    Morador desde 2008 no Setor Altiplano Leste, Eduardo Rodrigues é o administrador do Paranoá e administrador interino na cidade do Itapoã. O senhor estava como administrador regional das cidades de Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico. Como foi essa experiência?

    Antes de tudo, obrigado pela entrevista. É um prazer sempre estar comunicando com a comunidade. As cidades, embora sejam próximas e, segundo a Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal), fazem parte de uma mesma região de planejamento, têm peculiaridades bastante distintas.Paranoá é uma cidade antiga, já consolidada, claro, com muitos problemas para resolver. Mas tem uma cultura própria, tradições, um comércio pujante e condições de melhorar bastante em pouco tempo, dependendo da união e da coalizão de forças em prol da comunidade.

    Itapoã é uma cidade nova, e que foi inventada pelos próprios moradores, sem apoio do Estado. E, por isso, carece de quase tudo. Também existe na cidade uma fragmentação de vários grupos políticos que, na minha opinião, é muito ruim porque nenhum deles acaba se firmando, e a cidade sofre com isso. Então meu papel é de, além da articulação com vários órgãos tanto distritais como federais, trazer recursos, organizar os serviços públicos, colocar a administração para funcionar nas atribuições que são exclusivas dela.

    Cumprimos um papel como articulador desses vários grupos em prol da cidade, tentando uni-los, tentando mostrar que quanto mais articulados eles tiverem melhor. Aumenta a chance da cidade ganhar novos serviços e recursos, tanto do orçamento como de emendas parlamentares. Então esse é um desafio que eu me imponho aqui.

    Qual a principal diferença entre São Sebastião e o Jardim Botânico?
    São Sebastião é uma cidade, já antiga e consolidada, tem uma certa história, mais está em grande expansão. O principal problema lá é a questão fundiária, muitas invasões, inclusive por empresários, e também o povo que é carente por habitação.

    Jardim Botânico é constituído basicamente de condomínios, a grande maioria deles ainda por se regularizar, mais em fase de andamento, são áreas fechadas, organizadas, com moradores de um padrão econômico maior. o Jardim Botânico III, que foi licitado pela Terracap, tinha uma garantia de serem entregues vários equipamentos públicos e os moradores dizem que nada foi feito.

    Também é uma área nobre que está sendo desviada para fins comerciais, vários empreendimentos estão se instalando de forma indevida, e esta trazendo um transtorno grande para comunidade, mas é uma região bem tranquila.

    Qual a principal demanda da cidade?
    A comunidade do Itapoã tem demanda de quase tudo, desde escolas, saúde, reorganizarem a questão viária, de mão e contramão, para dar mais fluidez no trânsito. As pessoas não têm calçadas, as calçadas são desniveladas, a questão da acessibilidade é crônica, um cadeirante não consegue andar na cidade. Também tem a questão dos buracos. É problema de toda ordem. Muitos problemas são questão de outros órgãos, mais cabe à administração articular, estabelecer prioridades e tentar trazer as soluções. O senhor ficará definitivamente como administrador da região do Itapoã e Paranoá?
    Não. O governador tem um compromisso de estabelecer um processo, no qual a própria comunidade, por meio de um conselho comunitário, numa escolha participativa e democrática, eleger o novo administrador.Então todos os administradores que estão entrando agora, também têm essa missão de ajudar nesse processo. Não são os administradores definitivos.

    Como o senhor pretende combater as novas invasões na região?
    A questão das invasões é um problema crônico. Várias cidades, inclusive o Itapoã, se formaram por meio de invasões. Agora temos que distinguir os grupos. Tem a invasão do especulador, que é grande, tem informação, tem recursos, e se apropria do espaço público com interesses especulativos.

    E tem a situação da pessoa que não tem condições, precisa de um lar, não pode pagar aluguel, tem a sua família, e infelizmente faz parte da cultura essa solução. Eu acho que essa pessoa não pode ser criminalizada, não pode ser tocada, tem que ser respeitada, e o Estado tem que arrumar uma solução pra ela. Um meio que traga dignidade mas que também permita que sejam preservados os espaços, inclusive para os equipamentos do Estado ― escola, creche, quadras ― para que a cidade possa se desenvolver.

    Então, a gente vai tentar organizar isso, articulando junto com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Agefis, sem truculência e conversando muito.O governador Rodrigo Rollemberg fez alguma recomendação para essa região?
    A recomendação é de organizar a cidade, de trazer os serviços e cumprir o papel da administração regional. As questões específicas, de licenciamento e da cidade, mas principalmente de articular com os órgãos distritais e federais, em prol da comunidade.A recomendação para todas as administrações e os demais órgãos públicos, é que faça um governo diferente, que mude o perfil das cidades e que resolva os problemas que se arrastam há décadas. Sem soluções mágicas, as soluções serão construídas com o governo, sociedade, empresariado e todas as lideranças que atuam na cidade.

    O senhor ficará como administrador até as possíveis eleições prometidas pelo governador?
    Eu não sei. Essa é uma decisão única e exclusiva do governador. É ele que decide se a gente continua aqui até semana que vem, ou até se concluir esse processo de eleição dos administradores.

    Nesse período à frente da administração, como o senhor pretende trabalhar na comunidade?
    Eu vou tentar trabalhar da melhor forma possível. Independente do período, meu primeiro papel aqui é de reorganizar a administração, de forma que ela possa prestar os serviços que são de competência da RA.

    Para isso, a gente tentou trazer as melhores pessoas, com mais experiência pra nos ajudar nessa missão, e iremos trabalhar também tentando articular, com todos os entes que atuam em prol da cidade. Muitas soluções já estão apontadas, tem foros, tem conselhos tem várias ONGs, associações que já pensaram muito para trazerem soluções pros problemas da cidade.

    Então a gente vai tentar identificar as soluções e tentar encaminhá-las, para que elas sejam implementadas, com o recurso que o governo tem.

    O que a comunidade dessa região pode esperar do administrador Eduardo Rodrigues?
    Empenho para tentar mudar o perfil da administração, para que ela realmente atenda a necessidade da comunidade. Total respeito ao morador e a qualquer pessoa que nos procure. E muito trabalho. O sucesso a gente espera conseguir, se não conseguir, não será por falta de trabalho e de empenho.

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