Anúncio de casamento com Lula precipita saída de namorada de Itaipu

Socióloga Janja aderiu a programa de demissão voluntária na binacional, onde tinha salário de R$ 20 mil

13.nov.2019 às 17h20
SÃO PAULO

A soltura do ex-presidente Lula (PT) e o anúncio de que ele pretende se casar com Rosângela da Silva, a Janja, precipitaram a saída da socióloga dos quadros de Itaipu.

Na terça-feira (12), ela assinou adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) da binacional, onde trabalhou por quase 15 anos e tinha salário de R$ 20 mil.

“Foi acertado o desligamento oficial dela da companhia em 2 de janeiro. Até lá, ela vai usufruir de férias e dias de bonificação a que tem direito”, disse à Folha Patrícia Iunovich, superintendente de Comunicação de Itaipu.

Lula beija a namorada, a socióloga Rosangela da Silva, durante discurso feito em Curitiba na última sexta (8)

Lula beija a namorada, a socióloga Rosangela da Silva, durante discurso feito em Curitiba na última sexta (8) – Carl de Souza – 8.nov.19/AFP

A situação funcional de Janja, 52, estava indefinida desde que, ao assumir o comando da companhia no governo Jair Bolsonaro, o general Joaquim Silva e Luna decidiu fechar o escritório de Itaipu em Curitiba, onde ela estava lotada.

transferência dos 120 funcionários da capital paranaense para Foz do Iguaçu deverá acontecer até 31 de janeiro de 2020.

namorada de Lula ainda não havia comunicado à direção de Itaipu sobre sua intenção de ser transferida ou não para Foz do Iguaçu.

Uma pessoa que acompanhou as negociações disse que o processo estava em “banho-maria” até Lula, 74, ser solto na última sexta-feira (8).

Após deixar a cela da PF em Curitiba, o petista deu um beijo em Janja. “Eu consegui a proeza de, preso, arrumar uma namorada e ainda ela aceitar casar comigo. É muita coragem dela”, afirmou Lula a apoiadores.

Enquanto Lula esteve preso, Janja usava folgas e horário flexível para visitar o namorado. Ela batia ponto no acampamento montado em frente à Superintendência da PF em Curitiba, onde interagia com a militância, participava das cantorias e de outros momentos da vigília que durou 580 dias.

Ela escrevia uma carta por dia para Lula, segundo relato de petistas e assessores. Fazia questão ainda de preparar a comida a ser enviada ao ex-presidente diariamente.

Até então, a socióloga trabalhava na área de responsabilidade social de Itaipu e se ocupava de ações de voluntariado. E cumpria a carga horária exigida no trabalho. Seu ponto era controlado regularmente, como é de praxe, dentro da binacional.

Em Itaipu, Janja ficou conhecida como apadrinhada de Lula, de quem fazia questão de mostrar proximidade nas visitas feitas a Foz do Iguaçu durante o período em que ele ocupou a Presidência da República e também depois.

A proximidade teria permitido que Janja fosse cedida à Eletrobras enquanto fazia um curso no Rio, cidade onde morou por seis anos.

De sua passagem por Itaipu, ficou a memória de umas férias no Caribe, quando a socióloga postou no jornal eletrônico interno fotos de biquíni.

A socióloga Rosângela da Silva, namorada de Lula, em imagem de jornal interno de Itaipu

A socióloga Rosângela da Silva, namorada de Lula, em imagem de jornal interno de Itaipu – Arquivo pessoal

As imagens publicadas na seção “Turbinadas”, em referência às turbinas da hidrelétrica, renderam elogios pela boa forma de Janja. E também críticas pela exposição desnecessária, segundo um ex-funcionário graduado de Itaipu.

Filha de operários que chegou à universidade, Janja sempre foi ligada a movimentos sociais e de base do PT.

Procurada pela Folha, ela não quis se pronunciar e encaminhou a demanda de entrevista para a assessoria.

“Não vamos falar de assuntos pessoais. A minha questão é só mesmo corrigir informações eventualmente erradas que queiram checar”, respondeu José Chrispiniano, assessor do imprensa do Instituto Lula, ao confirmar a adesão de Janja ao PDV.

Amigas próximas também se recusaram a falar sobre o romance e até mesmo sobre fatos conhecidos da vida da socióloga.

Janja está blindada pelo PT para não aparecer mais do que tem aparecido. O fato de estar grudada em Lula todo o tempo em que estão juntos também causa ciumeira dentro e fora do partido.

Lula é viúvo desde fevereiro de 2017, quando a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva morreu, aos 66 anos, após sofrer um AVC hemorrágico.