Canhotos de cheques achados na CLDF põem Agaciel Maia na mira da polícia

Brasília(DF), 14/12/2016 - Agaciel Maia - CLDF . Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A PCDF cumpriu mandado para apurar denúncias de fraudes em listas de ponto dos deputados, mas encontrou evidências de outras irregularidades

RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

Investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) miraram no que viram, mas acertaram no que não viram. Ao cumprirem mandados de busca e apreensão na Câmara Legislativa (CLDF), na última quinta-feira (4/07/2019), os agentes procuravam evidências sobre fraudes em listas de ponto dos deputados, na investigação que tem como alvo principal o segundo-secretário da Casa, Robério Negreiros (PSD). No entanto, acabaram encontrando pistas de outra possível irregularidade, desta vez, envolvendo o distrital Agaciel Maia (PL).

Há suspeitas de que Robério tenha adulterado mais de 50 documentos de registro de presença. As falsificações, de acordo com a polícia, teriam contado com a ajuda do diretor-legislativo, Arlécio Alexandre Gazal. Por isso, os investigadores fizeram diligências nos gabinetes dos dois, entre outras salas. A ação ocorreu em apoio à operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)

Em uma das gavetas da mesa de Gazal, na Diretoria Legislativa, localizada no quinto andar da CLDF, os policiais encontraram canhotos de cheques nominais a Agaciel. Somados, os valores chegam a R$ 300 mil. No local, também foi apreendido um contrato de compra e venda de uma casa, no litoral do Rio Grande do Norte, que seria de propriedade do distrital. De acordo com o documento, o imóvel foi repassado a Gazal em uma suposta transação envolvendo o pagamento de R$ 500 mil.

Com os documentos em mãos, integrantes da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes Contra a Administração Pública e aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Cecor) abriram investigação para apurar a origem do dinheiro e as supostas transações entre Gazal e Agaciel. Os policiais trabalham com a hipótese de um esquema para financiar a compra de cargos públicos na CLDF. O diretor-legislativo foi levado à delegacia para prestar depoimento sobre o material apreendido.

Em entrevista ao Metrópoles, Gazal disse que o valor era fruto de um empréstimo ao deputado. De acordo com o servidor, de 84 anos, o distrital teria precisado do montante para pagar advogados. “Quando o Agaciel se elegeu deputado, eu já estava aqui. Os canhotos referem-se a várias situações em que ele precisou de dinheiro. Esses canhotos de cheque estão no nome do Agaciel. Isso é para ele pagar situações dele, porque o que ele paga de advogado é uma festa. Ele pega e contrata advogado, pois cada parecer dele custa R$ 50 mil. Ele tem processos um em cima do outro, e vive me pedindo dinheiro”, disse.