Se Moro ainda fosse juiz teria mandado prender gente na audiência da Câmara do deputados

Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília

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Moro vai à Câmara falar sobre supostas trocas de mensagens publicadas por site

Moro vai à Câmara falar sobre supostas trocas de mensagens publicadas por site

A reunião conjunta de três comissões da Câmara – em que parlamentares ouviram explicações do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre mensagens atribuídas a ele e divulgadas pelo site The Intercept – foi encerrada na noite desta terça-feira (2) depois de uma confusão entre deputados.

O tumulto aconteceu após cerca de oito horas de reunião, depois que o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ofendeu Moro. A fala de Braga gerou revolta de deputados que apoiam Sergio Moro. Parlamentares e assessores, então, cercaram a mesa da presidência da reunião.

Muitos deputados ainda estavam inscritos para fazer perguntas ao ministro da Justiça.

Moro deixou o colegiado e se dirigiu a uma sala destinada à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP), que presidia a sessão, encerrou os trabalhos.

Com a confusão em andamento, Marcivania ainda tentou retomar os trabalhos e recomeçar o interrogatório de Moro. No entanto, a deputada disse ter sido informada de que o ministro havia deixado o prédio do Congresso e desistiu da retomada dos trabalhos.

O deputado Filipe Barros (PSL-PR) disse que Marcivania não tinha “pulso” para presidir a reunião.

Antes de encerrar a reunião, Marcivania pediu que as ofensas a Moro fossem retiradas dos registros da reunião.

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), disse que Moro só deixou o Congresso depois que Marcivania declarou os trabalhos encerrados. Segundo Francischini, uma reunião não pode ser retomada depois de encerrada.

Na avaliação do presidente da CCJ, a reunião foi encerrada porque Moro “foi desrespeitado por alguns poucos parlamentares”.

Fala de Moro

Antes de a reunião ser encerrada, cerca de 60 deputados fizeram discursos ou perguntas a Sergio Moro.

A audiência conjunta da CCJ, Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Trabalho foi convocada para que Moro falasse sobre reportagens do The Intercpet que apontam que o ex-juiz teria orientado procuradores da Lava Jato ao longo da operação.

Na exposição inicial, Moro disse que, por trás das mensagens, existe uma “tentativa criminosa” de invalidar condenações da Lava Jato. Moro classificou o conteúdo das mensagens de “balão cheio de nada”.

Ao longo de toda a reunião, parlamentares da oposição afirmaram que Moro foi parcial na condução dos processos da Lava Jato e que cometeu crimes.

Apoiadores de Moro, por outro lado, elogiaram a conduta do ex-juiz e destacaram que o ministro foi importante no combate à corrupção no Brasil.

O deputado Boca Aberta (PROS-PR), apoiador de Moro, chegou a entregar um troféu ao juiz pela atuação no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.

O transcorrer da reunião, sempre com clima quente, indicava que os trabalhos seriam encerrados com um tumulto entre parlamentares. Vários bate-bocas foram registrados ao longo do dia.

‘Malvados’ da Lava Jato

Na audiência na Câmara, o ministro Sergio Moro foi irônico ao comentar a possibilidade de anulação do processo que resultou na prisão do ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP).

“Se ouve muito da anulação do processo do ex-presidente [Lula]. Tem que se perguntar realmente quem defende, então, Sergio Cabral, Eduardo Cunha, Renato Duque, todos esses ‘inocentes’ que teriam sido condenados segundo esse site de notícias”, ironizou Moro.

“Nós precisamos defensores também dessas pessoas, para defender que elas sejam colocadas imediatamente em liberdade já que foram condenados pelos malvados procuradores da Lava Jato ou desonestos policiais e [pelo] juiz parcial”, acrescentou o ex-juiz.

Moro também disse que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) embarcou no “sensacionalismo” das reportagens do The Intercept ao pedir o seu afastamento. Ele também afirmou ter a impressão que o apoio a ele cresceu depois da divulgação das mensagens, cuja a autenticidade ele não reconhece.