Secretários do Governo Ibaneis “batem cabeça” e revelam o nível de tensão no GDF

Por Zap, Clemente, Da Fazenda, Dispara Contra Rafael Parente: Surreal

As relações no governo local estão inflamadas. Uma troca de mensagens por WhatsApp entre os principais secretários do Governo do Distrito Federal (GDF) revela o nível de tensão entre os assessores mais próximos do governador, Ibaneis Rocha (MDB).

O climão começou com uma postagem do secretário de Fazenda, Orçamento, Planejamento e Gestão, André Clemente, no grupo Secretários de Governo, que reúne todo o primeiro escalão do Poder Executivo. Clemente postou um PDF do Programa Educa DF com os seguintes dizeres:

“Muito bonito! Mas quero saber de onde vai vir o dinheiro. Vai anunciar, criar expectativa e depois jogar a culpa na Fazenda, porque não recebeu orçamento e o dinheiro. Computador para cada professor, computador para cada estudante?”, questionou.

Sob os olhares curiosos de mais de duas dezenas de colegas, o secretário de Educação, Rafael Parente, para quem o ataque foi direcionado, respondeu longamente no grupo. Entre seus argumentos, o seguinte:

“Você já me questionou publicamente uma vez e eu me coloquei à sua total disposição para explicar. Criamos um plano de estratégias para serem executadas nos próximos quatro anos. Apresentamos o mesmo para os distritais, federais e senadores. Eles prometeram emendas. Há R$ 4 milhões da Inframerica para isso, nosso governador orientou que o FAP [Fundo de Amparo à Pesquisa] ajude com recursos. Já temos também o apoio de instituições do terceiro setor… Questionamentos públicos, desta forma, não vão ajudar nem a você, nem a mim, nem contribuir para o clima de cooperação, respeito e admiração em nosso time.”

Ao final do textão, Parente se despede com dois emojis: um sorrisinho e as mãozinhas do “bate aqui”.

Código penal
O efeito foi de espalha-brasas. Clemente, o dono das chaves do cofre, seguiu na linha dura da repreensão pública. “Você não vai expor o governo e a Secretaria de Fazenda e Planejamento. Não mesmo. Você não tem orçamento e financeiro nem para pagar as suas contas. Resolva as suas despesas sem contrato e, depois, venha falar nestas novas despesas”, disse o secretário de Fazenda. E sugeriu a Parente: “Dê uma lida no Código Penal, artigo 359-D”.

O trecho citado por Clemente trata das sanções jurídicas sobre ordenamento de despesas não autorizadas por lei: pena de 1 a 4 anos de reclusão.

A temperatura máxima atraiu a atenção do corregedor do DF, Adelmário Castro. “Existe previsão orçamentária que suporte a compra de computadores? Ou as aquisições dependem de recursos de terceiros?”, questionou.

Foi então que o chefe da Casa Civil, Eumar Novacki, entrou no debate: “Importante que haja planejamento! Só devemos anunciar aquilo que, com certeza, temos condições de entregar”. Momento em que Clemente arrematou: “Você tem 406 pessoas na sua Suag [Subsecretaria de Administração-Geral] recebendo 1.000 concursados, gratificação de diretores e ainda pede aumento de estrutura. Surreal”.

Rafael Parente marcou o corregedor e o respondeu: “Existe previsão para a compra de kits de robótica. Como expliquei, combinamos o envio de emenda. Há, também, recursos do FNDE [Fundo Nacional da Educação] para computadores destinados ao ensino médio”.

Clemente manteve-se no ataque: “Amanhã vou convocar uma reunião com a Controladoria, Deco [uma delegacia especializada em crime organizado contra a administração pública] e TCDF [Tribunal de Contas local] para começar. Ou se enquadra, ou responde”.

A treta seguiu, mas Rafael Parente preferiu encerrar o barraco e não mais responder às provocações. As farpas foram trocadas horas antes da grande reunião convocada por Ibaneis Rocha com o objetivo de pedir que os secretários recorressem à criatividade para tocar suas pastas: “Não existe dinheiro”, cravou.

Clemente aproveitou o momento de reunião com todos os secretários e pediu desculpas públicas a Parente. Diante dos colegas, ele admitiu que exagerou e retratou-se com o titular da Educação.

Diante de um cenário de aperto, a tendência é de que os ânimos fiquem à flor da pele.

Fonte: Metrópoles