Justiça do DF aciona governo dos EUA para intimar neto de Roriz

Ele é réu em um processo de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo o Banco de Brasília (BRB)

REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Mirelle Pinheiro

A 2ª Vara Criminal de Brasília pediu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos para intimar Rodrigo Domingos Roriz (foto em destaque), neto do ex-governador Joaquim Roriz, falecido na última quinta-feira (27/9). Ele mora em Chicago e é réu em processo de lavagem de dinheiro e corrupção no Banco de Brasília (BRB), decorrente da Operação Aquarela.

Na decisão de sexta-feira (28), o juiz André Ferreira de Brito detalha que, no momento da intimação, a autoridade americana deve perguntar se Rodrigo deseja ser defendido por um defensor público. Após a intimação, ele precisa apresentar a sua defesa no prazo de dez dias. Caso isso não aconteça, o magistrado informa que será nomeada uma defesa para que apresente a peça processual. Questionada pelo Metrópoles, a família ainda não se manifestou sobre o caso.

Rodrigo não foi localizado para citação pessoal, o que levou a Justiça do DF a suspender o processo contra ele. Com essa nova tentativa de intimá-lo, o magistrado espera dar continuidade à ação.

Entenda o caso
A ação penal investiga se, em 2007, Joaquim Roriz, quando governador do DF, usou de sua influência política para liberar um empréstimo de R$ 6,7 milhões no Banco do Brasília (BRB) e, em troca, recebeu da construtora WRJ Engenharia 12 apartamentos em um edifício de Águas Claras.

De acordo com as apurações iniciadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), os imóveis foram distribuídos entre integrantes do clã, como as filhas Jaqueline, Weslliane e Liliane Roriz, além do neto Rodrigo Roriz. Ele é filho de Jaqueline.

Em 2017, o ex-governador Joaquim Roriz se livrou da acusação de formação de quadrilha na denúncia feita pelo MPDFT decorrente da operação. No entendimento da juíza Ana Cláudia Loiola de Morais Mendes, da 1ª Vara Criminal de Brasília, houve prescrição dos prazos em razão da idade do denunciado (mais de 70 anos).

A extinção da punibilidade beneficiou, pelo mesmo motivo, o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura e o doleiro Georges Kammoun. A juíza amparou a decisão em artigos do Código Penal que preveem redução pela metade dos prazos de prescrição para réus maiores de 70 anos. A ação penal segue contra outras 19 pessoas.

Em fevereiro de 2018, Joaquim Roriz deixou de responder ao processo em sua totalidade. O juiz da 2ª Vara Criminal de Brasília, André Campos Amaral, homologou o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) que atestava a insanidade mental do político. O arquivamento do processo ocorreu no dia 27 de fevereiro. No entanto, os demais denunciados continuam a responder à denúncia. A ação contra a deputada distrital Liliane Roriz tramita no Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF.

Bezerra de Ouro
No âmbito da Operação Aquarela, Joaquim Roriz teve conversas telefônicas gravadas pela polícia. Os diálogos mostravam ele e Tarcísio de Moura negociando a entrega de um cheque de R$ 2,2 milhões. Na ocasião, Roriz alegou que a quantia se tratava de um negócio particular com o empresário Nenê Constantino para a compra de uma bezerra no interior de São Paulo.

O então presidente do BRB seria o responsável por descontar o cheque no caixa da instituição candanga. O caso ficou conhecido como o escândalo da Bezerra de Ouro. As investigações levaram Roriz a renunciar ao mandato no Congresso Nacional para evitar o processo de cassação. A partir das escutas, os investigadores descobriram a suposta transação envolvendo os apartamentos em Águas Claras.

Fonte: Metropoles