Incerteza Segue Como Marca Da Eleição E Eleva Preocupação No Mercado 

Por Valdo Cruz

Ibope divulga primeira pesquisa após registro das candidaturas à Presidência

Divulgada a pesquisa Ibope, a primeira após o início oficial da campanha presidencial, a incerteza segue como marca da eleição de 2018, elevando a preocupação do mercado sobre os rumos da economia brasileira. Indicativo de que dias de turbulências estão no horizonte próximo.

De significativo, o que mudou na pesquisa não beneficia imediatamente aquele que ganhou. Lula foi o único a se movimentar de forma relevante no levantamento do Ibope. Se antes tinha 33%, agora aparece com 37%. Mas está inelegível. Sua exposição lhe valeu mais pontos, mas a demora na sua substituição por Fernando Haddad pode prejudicar o candidato petista na reta final do primeiro turno.

Jair Bolsonaro ficou praticamente onde estava, com 20% do eleitorado no cenário sem Lula. Quem disputa com ele o lugar no segundo turno, como o tucano Geraldo Alckmin, destaca que ele teria batido no teto. Quem está ao lado do candidato do PSL ressalta sua resiliência neste patamar, não caindo mesmo depois de virar alvo de adversários.

Marina Silva e Ciro Gomes permanecem no segundo e terceiro posto. Só que os dois têm pouco tempo de TV, assim como Bolsonaro, e podem encontrar dificuldades para crescer, principalmente quando o PT promover a troca de candidatos e alardear que Fernando Haddad é o poste da hora de Lula.

Geraldo Alckmin permanece em quarto lugar. Pelo menos não foi ultrapassado neste momento por Fernando Haddad, quando ele ainda não é associado diretamente como o nome de Lula na eleição. Tem a seu favor o maior tempo de TV, mas o ideal é que tivesse mostrado alguma reação mais positiva, passando pelo menos Ciro Gomes, que ficou isolado politicamente a partir de uma ação orquestrada pelo ex-presidente petista.

Tudo somando, o cenário de incerteza permanece. Lula lidera, mas não será candidato. Bolsonaro não cai e vira ameaça real à presença de Alckmin no segundo turno. Haddad mostra potencial para ser o candidato de esquerda, mas 60% dizem que não votariam nele de jeito nenhum se fosse anunciado como candidato do ex-presidente petista. Marina e Ciro não podem ser descartados, mas a primeira teria mais chances de chegar ao segundo turno.

Diante desta indefinição, analistas de mercado se preparam para dias de turbulências pela frente. A pesquisa Ibope mostrou indefinição, mas muita estabilidade nos cenários. Deixando no ar, ainda, o discurso tucano de que, só depois de dez do horário eleitoral gratuito, será possível dizer com alguma certeza quem terá chances de chegar ao segundo turno.

Até lá, se o cenário piorar, o dólar pode passar de R$ 4,00, e as dúvidas sobre a economia no próximo ano só vão aumentar. Afinal, tem muito candidato com discurso frouxo ou nem um pouco convincente sobre como atacar a nossa crise fiscal. Sem fazer esse dever de casa, esqueçam promessas de um novo tempo. O Brasil vai seguir patinando. O resto é o resto.

 (Foto: Editoria de Arte / G1) (Foto: Editoria de Arte / G1)

(Foto: Editoria de Arte / G1)