Buriti 2018: “Eu até abriria mão de concorrer caso surgisse um candidato mais forte do que eu”, diz Fraga

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 … o acordo das agremiações tradicionais está sepultado!

Oposição busca novos caminhos

POLÍTICA & PODER  ADMINISTRADOR JBR 

Josemar Gonçalves/Cedoc

Francisco Dutra
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O acordo selado pelos partidos conservadores para a construção de uma aliança pelo Palácio do Buriti está morto. Sem consenso, lideranças do PR, MDB, PTB, DEM, PTB, PSDB e PP buscavam a união. Contudo, DEM, PSDB e PTB estão fora do barco.

Descontentes, os tucanos começaram a pular para fora do poleiro quando entraram na Frente Cristã, composta por PSD, PRB, PSC, DC, PMN e Patriotas. Na sequência, o novo grupo se aproximou de DEM, PTB e de Paulo Octávio (PP). O movimento esvazia o pacto das agremiações tradicionais de direita e escanteia PR, MDB e cúpula do PP.

As tratativas da Frente Cristã focam nas chapas proporcionais, para deputados, mas poderão ser plataformas para composições majoritárias. Tendo 25% do tempo de televisão, a nova frente é um potencial polo alternativo de forças de centro-direita nas coligações para o Buriti e o Senado Federal.

Do ponto de vista do presidente regional do DEM, deputado federal Alberto Fraga, o acordo das agremiações tradicionais está sepultado, especialmente pela intransigência do PR e MDB nas negociações. Fraga é um dos pretendentes ao Buriti

“O jogo está zerado. Se quiserem conversar entre esses partidos, será um novo acordo e com uma pesquisa isenta. Hoje, cada pesquisa diz uma coisa diferente.

Eu até abriria mão de concorrer para o governo, desde que quem surgisse como candidato fosse realmente mais forte do que eu”, arremata Fraga. Caso tenha certeza de um nome mais competitivo, o parlamentar estuda a possibilidade de tentar o cargo de senador.

Segundo o pré-candidato ao Buriti e presidente regional do PTB, Alírio Neto, os partidos tradicionais tinham contratado dois institutos de pesquisas isentos de fora de Brasília para mapear o cenário eleitoral. “Depois, o Jofran Frejat (PR) vai na TV e dá uma entrevista desdenhando de nós, dizendo que de boas intenções o inferno está cheio. Fomos traídos. Ele sepultou o acordo. Não mostrou condições de liderança. O líder entende as diferenças e peculiaridades”, dispara Alírio.

“Eu prefiro que ele seja sincero mesmo. Também serei”, promete. O caldo engrossou de vez, para Alírio, quando ficou clara a existência de um suposto pré-acordo entre o PR e o presidente regional do MDB, Tadeu Filippelli, que cultiva uma grande rede de potenciais aliados e informações, em parceria com o presidente regional do PP, deputado federal Rôney Nemer.

Diagnóstico semelhante é ouvido entre as fileiras do próprio MDB. “A impressão é que este acordo não existe mais. Está enterrado e indo para missa de sétimo dia”, classifica o vice-presidente da Câmara Legislativa, deputado distrital Wellington Luiz (MDB).

Na leitura do parlamentar, a Frente Cristã mudou a distribuição de forças no tabuleiro pré-eleitoral. O jogo agora é outro.

Presidente do PR não vê racha no pacto da direita

Apesar dos movimentos de PSDB, DEM e PTB, o PR ainda mantém a palavra e espera cumprir o acordo conservador. Segundo o presidente regional, Alexandre Bispo, neste momento pré-eleitoral conversas com todos os jogadores são totalmente naturais, seja para o lançamento de balões de ensaio, seja para aumentar o cacife nas negociações.

“Acordo é acordo. Ninguém mudou as regras e nós respeitamos o combinado. Imagine em eventual governo, se a gente muda os acordos? Não teve mudança de cenário. Não teve catástrofe em Brasília. Não teve elemento novo para isso”, argumenta Bispo.

Segundo o dirigente, o próprio PR conversa frequentemente com os partidos da Frente Cristã. A agremiação de Frejat não pretende fechar portas para composições para os cristãos e nem para os tradicionais conservadores.

“Esse é o momento adequado para conversa. Inclusive para convergirmos no que realmente é importante, que é combater a atual administração e chegarmos a um nome de maior experiência para governar”, argumenta Bispo, buscando focar a oposição no embate contra o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).

A reportagem do Jornal de Brasília tentou entrar em contato com o presidente regional do MDB, Tadeu Filippelli. Todavia, as ligações não foram atendidas. O acordo da direita previa a composição de chapa projetando para o Buriti o nome mais bem colocado nas pesquisas, com maior viabilidade e capacidade somar novos aliados.

Mudança do tabuleiro

Passo a passo, a redistribuição de forças da direita:

  • Os partidos ligados a evangélicos Pros, PRB, PSC e Podemos, mais o Patriotas, agremiação católica com agenda gêmea, formam uma frente proporcional.
  • Refletindo a aliança nacional, PSD e PSDB decidem caminhar juntos.
  • PSD e PSDB aceitam a Frente Cristã com a força evangélica. O foco geral está nas chapas proporcionais.
  • Frente Cristã faz reunião com DEM, PTB e Paulo Octávio. A primeira impressão foi positiva. Sem acordos fechados, grupos decidem marcar nova conversa.
  • Por enquanto, esses movimentos isolam PR e MDB.

Fonte: Jornal de Brasília