Para alguns distritais corte é “demagogo” e “eleitoreiro”. Afinal este é ano de eleições.

Governador anuncia “nova fase da administração da cidade” na 1ª sessão da CLDF em 2018 Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

Deputados distritais resistem ao fim das verbas indenizatórias

POLÍTICA & PODER  ADMINISTRADOR JBR Rinaldo Morelli/CLDF

Francisco Dutra
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O projeto de extinção da verba indenizatória enfrentará forte resistência na Câmara Legislativa. Apesar da proposta apresentada pela Mesa Diretora da Casa ressoar positivamente na sociedade, parte dos deputados distritais julga o corte “demagogo” e “eleitoreiro”. Afinal este é ano de eleições.

Hoje os 24 distritais têm direito à, aproximadamente, R$ 25 mil mensais de verba indenizatória. Diante das críticas dos parlamentares, o Legislativo estuda uma tesourada mais branda. Algumas rotas alternativas passam pela disponibilidade de recursos para bancar transportes e serviços de divulgação para os gabinetes.

A despeito da polêmica , o presidente da Câmara, deputado Joe Valle (PDT) pretende lutar pelo projeto até a votação no plenário, prevista 1ª quinzena de março. Pelas regras da Casa, a Mesa poderia acabar com a verba com uma canetada. Todavia, Valle julga que a decisão deve ser tomada democraticamente, no voto.

Segundo Valle, o sepultamento vai de encontro ao anseio do cidadão e da sociedade. “Buscando otimizar os recursos, que são sempre poucos, no sentido de otimizar a gestão dos gabinetes, dos mandatos, para fazer mais. Baixando o custo da Democracia”, afirma.

O presidente da Casa alega que trabalha no fim da verba indenizatória deste 2017, por etapas, rastreando os gastos e diminuindo o acúmulo da verba mensal. A extinção seria um passo natural, para ressignificar o Legislativo.

“Mas vamos dizer que seja um ato eleitoral: Quem bom! Que bom que vamos acabar com uma coisa que a sociedade quer que acabe há muito tempo. Que ninguém aceita mais. O cidadão não aceita mais isso. Acabou. A gente precisa se reaproximar da sociedade para resgatar o valor da Democracia”, argumenta.

Ganho é pequeno, dizem opositores

“A Câmara Legislativa tem um orçamento de R$ 524 milhões. Essa proposta de fim da verba indenizatória é puramente demagógica em ano eleitoral”, diz o deputado distrital Chico Vigilante (PT). Em tese, o fim da verba representaria a economia de R$ 7,2 milhões, anuais.

Em resposta ao projeto, Vigilante pretende elaborar uma proposta de corte de 10% nos gastos totais da Casa. Ou seja, de o corte seria de R$ 53 milhões anuais.

Segundo o deputado Ricardo Vale, a proposta do corte é equivocada. Para o distrital, é possível reduzir gastos em outras áreas, inclusive na verba indenizatória, mas não totalmente.

“Alguns deputados dependem dessa verba para tocar os seus mandatos. Outros não. Eu sou um exemplo. Não sou exemplo. Eu não tenho outra fonte, não sou empresário”, comenta.

Membro da Mesa, o deputado Raimundo Ribeiro (PPS) defende a extinção da verba em função da crise financeira nacional. “A sociedade exige que sejam racionalizados os gastos públicos”, opina.

Opositor ferrenho do governo, Ribeiro rebateu as manifestações do governador sobre o assunto, alegando que o chefe do Buriti quer pegar carona no assunto. “Ao invés de mentir para a população, dizendo que sempre apoiou o fim da verba indenizatória, o governador deveria verificar como é que ele poderia racionalizar os gastos do Executivo”, dispara.

Saiba mais

Joe Valle, Celina Leão (PPS), Reginaldo Veras (PDT), Chico Leite (Rede) e Agaciel Maia (PR) não usam verba indenizatória.

Agaciel Maia continuará na liderança do governo na Câmara. Apenas em abril, ele começará a analisar a sáida do posto.

O governador não participou da reabertura oficial da Câmara. O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, compareceu.

Os principais projetos do governo neste ano são o Código de Obras e a LUOS.

Fonte: Jornal de Brasília