Governo indica citado em delação da Odebrecht para cargo na Saúde

João Salame Neto, citado na delação da Odebrecht, foi indicação de políticos do PP. Grupo conhecido como ‘Centrão’ reivindica mais espaço no governo por ter sido fiel a Temer na votação da denúncia.

Por Jornal Hoje, Brasília

15/08/2017 13h47

Planalto admite que está tirando os cargos de quem tem votado contra o governo

Planalto admite que está tirando os cargos de quem tem votado contra o governo

O governo fez nesta terça-feira (15) mais uma nomeação para agradar a base no Congresso e retribuir aliados que barraram a denúncia contra Michel Temer na Câmara. Foi publicada no “Diário Oficial” a ida de João Salame Neto para o cargo de diretor do departamento de atenção básica da secretaria de atenção à saúde do Ministério da Saúde. A indicação de Salame foi feita por cinco deputados do PP e atende o grupo chamado de “Centrão”.

Formado por partidos da base, o “Centrão” tem pressionado Temer por mais espaço no governo. Os deputados do grupo alegam que foram mais fiéis ao presidente na votação da denúncia que outros aliados que detêm cargos importantes, como o PSDB.

O Planalto admite que está tirando os cargos de quem tem votado contra e entregando aos políticos favoráveis ao governo.

Salame foi citado na Delação da Odebrecht. Segundo delatores, ele foi uma das pessoas que pediram pagamento de R$ 1,5 milhão para a campanha de Helder Barbalho ao governo do Pará, em 2014. Pelo acerto, esse dinheiro era contrapartida para que a construtora tivesse interesses atendidos na area de saneamento no estado.

O novo de diretor da saúde básica também já foi prefeito de Marabá, no Pará, e chegou a ser afastado do cargo por improbidade.

O departamento que será comandado por Salame é considerado estratégico na estrutura do Ministério, porque cuida da atenção básica, como o programa saúde da família.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que o afastamento do novo diretor da prefeitura de Marabá já foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que absolveu Salame. A nota afirmou também que ele não é investigado na Lava Jato.

Veja a íntegra do texto do Ministério:

O afastamento de João Salame da prefeitura de Marabá (PA) foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou incorreto a decisão do juiz de primeira instância, sendo absolvido e retornando ao cargo. Na época, o ex-prefeito decidiu pagar os salários dos funcionários e adiar os da previdência, já que viria a publicação do Refiz que parcela e refinancia a dívida da previdenciária.

Em relação ao caso da Odebrecht, João Salame não consta do inquérito, não foi indiciado, e não responde a nenhum processo judicial.