Eleições: Reguffe quer apoiar em 2018 um Nome novo e de fora da política atual

Reguffe. Temos que tentar fazer algo diferente, ético, cívico

“Estou procurando um nome novo, fora da política e que tivesse de verdade compromisso de fazer algo diferente. Mas está difícil achar essa pessoa”
Por Ana Maria Campos-À queima-roupa/Correio Braziliense/Foto: Beto Oliveira/ Câmara do Deputados – 13/08/2017 – 10:47:38

Senador José Antônio Reguffe (Sem partido/DF)

Seu nome aparece muito bem posicionado em todas as pesquisas feitas hoje, a pouco mais de um ano das eleições. Você não vai mesmo concorrer a nenhum cargo público?

Vou cumprir o mandato inteiro no Senado. Infelizmente não é muito usual na política, mas o correto é as pessoas cumprirem os mandatos inteiros que elas se propuseram a ter. É preciso ter respeito aos eleitores.

 

Pretende apoiar algum candidato?

Estou procurando um nome novo, fora da política e que tivesse de verdade compromisso de fazer algo diferente. Mas está difícil achar essa pessoa.

 

Subiria novamente no palanque do governador Rodrigo Rollemberg?

Ele teria que fazer uma inflexão total, coisa que ele não vai fazer. Quando alguém se elege para um cargo eletivo, a pessoa não recebe uma carta em branco para fazer o que quiser, ela tem que cumprir o que foi seu programa. O programa foi deixado de lado. Eu poderia fazer igual à maioria dos políticos no país, ter 500 cargos no governo e criar uma máquina política para mim. Fiz o oposto, escolhi defender a população. Não tenho nenhum cargo para exatamente poder fazer o que tenho feito no Senado: cobrar o governo para que ele cumpra o programa que apresentou na campanha. Isso é a nova política. E tenho ajudado a cidade também no que me cabe como parlamentar. Hoje tem remédios para câncer e para várias doenças crônicas na rede pública do DF que estão lá por uma emenda minha ao Orçamento da União. Algo prático e concreto.

 

A crise política criou uma sensação de desilusão no cidadão, o sentimento de que nenhum político é confiável. O que você acha disso?

Comigo, as pessoas sempre me tratam com muito carinho. Mas essa indignação com as coisas erradas do país é correta e importante. Só espero que ela se reflita também onde é mais importante que ela realmente apareça, que é nas urnas do ano que vem. Quando acontece um escândalo desses, em vez de generalizarem, as pessoas deveriam dar mais valor ainda àqueles que, com todas as tentações, se mantiveram retos. Política é algo importante para a sociedade. Dizer que todos são iguais só favorece os bandidos. E faz com que as pessoas de bem que estão fora da política não queiram entrar e as de bem que estão dentro avaliem se devem continuar. Como pode ser considerado igual um político que desviou R$ 100 milhões com outro, como eu, que no primeiro dia do mandato fez uma série de cortes no gabinete que geraram uma economia direta aos cofres públicos de R$ 16,7 milhões, que abriu mão do plano de saúde vitalício dos senadores, que honrou e cumpriu tudo o que escreveu em seu panfleto de campanha?

 

Você está há mais de um ano sem partido. Já escolheu alguma legenda que combine com seus princípios?

Difícil escolher um partido hoje… Pretendo continuar um tempo sem partido. A pergunta que me faço sempre é como posso representar melhor quem votou em mim. Hoje os partidos agem muito pensando em governos. Seja em agradar ou desagradar aos governos. Meus votos são da minha consciência pensando sempre no que é o melhor para a população e não para governos. Não gostaria de ficar muito tempo sem partido não. Ficar sem partido me prejudica também porque não tenho tempo de televisão para poder comunicar tudo que tenho feito no meu mandato. Mas também não vou entrar em algum partido só por entrar ou só para ter tempo de televisão. Aí prefiro ficar como estou. Pelo menos, estou honrando e representando com dignidade quem votou em mim.

 

O país piorou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff no governo Temer?

Para mim, não mudou nada ou muito pouca coisa. Na economia, melhorou um pouco. Mas esse governo que está aí é um desastre, um desastre político e moral. Não tenho dois pesos e duas medidas, o que valeu para mim no governo do PT continua valendo agora. Uma vergonha a votação da Câmara sobre a denúncia contra o presidente. O loteamento do Estado continua. Usam o Estado brasileiro como se fosse propriedade privada. Compram votos de deputados com cargos públicos e benesses. Cargos públicos existem para servir ao contribuinte, não para servir de moeda para se comprar votos de deputados. Hoje o que parece é que o governo não existe para servir ao contribuinte, e sim para a construção e perpetuação de máquinas políticas. Uma vergonha.

 

Afastar Temer significaria apostar na instabilidade do país?

A pergunta para mim não é essa. A pergunta para mim é o que é o correto. E não é o correto a Câmara querer obstaculizar a análise por parte do Supremo Tribunal Federal de uma denúncia gravíssima contra o presidente da República. Isso não é correto. Pelo menos, na minha opinião.

 

Vai votar a favor da reforma previdenciária?

Dessa que está aí, contra, com certeza. Defendo um modelo de capitalização, onde o trabalhador e seu empregador tenham que fazer uma contribuição para uma conta individual do trabalhador, numa espécie de poupança forçada, rendendo juros para que ele possa ter um final de vida decente. A Suécia fez algo parecido, 80% da contribuição iria para essa conta e 20% para uma espécie de seguro caso ocorresse uma invalidez, acidente ou morte. No meu primeiro dia como parlamentar, abri mão da aposentadoria especial de parlamentar e fiz a opção formal por continuar contribuindo para o INSS. Eu, como a esmagadora maioria da população, só terei direito no final da vida à aposentadoria do INSS. Essa proposta do governo é muito ruim. É justo ter que contribuir por 49 anos para poder se aposentar com o teto do INSS que é de R$ 5 mil? Muita gente vai morrer antes disso. O governo fica tirando dinheiro da Previdência para gastar em outras áreas. Não vai dar certo nunca. Sem contar a complacência que tem com essas grandes empresas que devem uma fortuna ao Estado brasileiro e não são cobradas.

 

Como você acha que o cidadão vê o senador Reguffe?

Quem acompanha sabe que trabalho muito e estou fazendo a minha parte. Fico feliz com o carinho das pessoas e o reconhecimento. Quem não acompanha tende a generalizar e achar que ninguém que está na vida pública está fazendo algo de bom. Inclusive porque tudo que sai de política na televisão é negativo. Hoje só existe espaço na televisão para as denúncias. Aliás, estamos vivendo um momento muito estranho. O momento da política não é para quem pensa, formula, quer discutir um projeto de país, propõe, não, hoje o momento é para quem xinga. Cresce quem xinga melhor e desqualifica o outro melhor. Mas me desculpem, política, para mim, não é isso.

 

Como gostaria de ser visto?

Como alguém que honrou tudo o que se propôs, que cumpriu tudo que escreveu nos seus panfletos de campanha e alguém que está fazendo a sua parte de verdade.

 

Quem desponta hoje como um bom nome para governar o país?

Não sei nome. Eu te digo o perfil que gostaria de ver. Alguém que seja honesto de verdade, que defenda uma reforma do Estado. O Estado brasileiro hoje serve apenas aos agentes políticos, a grandes empresários e corporações, mas não serve ao contribuinte brasileiro. Precisamos de um Estado mais enxuto e mais eficiente. Quem quer resolver tudo não faz nada benfeito. Temos que nos concentrar e priorizar. O Estado tem que cuidar da saúde, educação e segurança. E fazer isso benfeito. É preciso se introduzir meritocracia no serviço público, é preciso criar sistema de metas e resultados, é preciso avaliar, bonificar e premiar desempenho. E é preciso acabar com essa relação promíscua entre Executivo e Legislativo. Temos que tentar fazer algo diferente, ético, cívico. Governo não tem que dar cargos para parlamentares. Parlamentares têm que participar da gestão do governo com ideias e políticas públicas para a sociedade. Colocar suas emendas em projetos e ajudar o governo a executar determinados projetos. Mas não com essa coisa de cargos e benesses. É preciso acabar essa barganha e esse toma lá dá cá. Aí me dizem, ah, mas é impossível… Não se consegue governar assim… Quem não quer nem tenta fazer o que é o correto não vai ter o meu voto.