Controladoria começa a apurar fatura de água milionária do Mané Garrincha

Por Mateus Rodrigues e José Maurício, G1 DF e globoesporte.com

Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, Brasília, DF, Brasil, 03/03/2015 (Foto: Andre Borges/Agência Brasília)

Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, Brasília, DF, Brasil, 03/03/2015 (Foto: Andre Borges/Agência Brasília)

A Controladoria-Geral do Distrito Federal abriu sindicância para apurar quem foi o responsável pela abertura incorreta de um registro de água no estádio Mané Garrincha, no primeiro semestre. O procedimento levou a arena a desperdiçar 24,9 milhões de litros de água potável da Caesb, e gerou uma fatura de R$ 1,1 milhão.

Segundo o órgão, a apuração tem prazo inicial de 30 dias, que pode ser renovado. Se necessário, a Controladoria-Geral pode acionar peritos da própria Caesb e da Polícia Civil. Até o momento, o governo não informou como poderá punir os responsáveis, caso eles sejam identificados.

Na última quarta (28), o G1 mostrou que a gastança de água no Mané Garrincha foi resultado de uma sucessão de erros, cometidos ao longo dos últimos anos. A fatura inicial foi calculada em R$ 2,2 milhões, porque também considerava a taxa de esgoto. O valor foi descontado quando os técnicos descobriram que a água foi para reservatórios, e não para o esgoto comum.

comissão criada pelo Palácio do Buriti para apurar o caso apontou pelo menos quatro erros:

  1. A ligação entre a tubulação que recebe água da Caesb e os reservatórios que armazenam água da chuva não deveria existir;
  2. O registro de interligação entre os sistemas não deveria ter sido acionado;
  3. As faturas de água em fevereiro, março, abril e maio foram calculadas pela média do consumo;
  4. Os reservatórios da água de reuso não eram vistoriados.
Estádio Mané Garrincha em março de 2015 (Foto: Tony Winston/Agência Brasília)

Estádio Mané Garrincha em março de 2015 (Foto: Tony Winston/Agência Brasília)

Investigação e providências

Além da sindicância, o GDF afirmou que vai eliminar a interligação que gerou o desperdício de água e providenciar um poço artesiano. A outorga já foi concedida pela Adasa, e a água deverá ser usada para irrigação do gramado e combate a incêndio – hoje, essas funções dependem das chuvas.

O grupo de investigação foi coordenado pelo chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, e envolveu representantes da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), da Novacap – que cuida da manutenção do Mané – e da Terracap – que paga as contas do estádio.

Ao G1 e à TV Globo, a Caesb informou que o hidrômetro do Estádio Nacional de Brasília estava funcionando normalmente no período, ou seja, a água realmente passou pelos canos.

O volume de água consumido seria suficiente para abastecer por um mês toda a população da Candangolândia, região do DF com cerca de 20 mil habitantes. Foram 3 milhões de litros de água por dia, ou 2.110 litros por minuto – vazão equivalente a 140 chuveiros domésticos de potência média