Deputado Alberto Fraga é citado em investigação

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O deputado federal Alberto Fraga (DEM) discute, supostamente, valores de propina em gravação noticiada pela TV Globo. Segundo a reportagem transmitida pela DF TV 2ª Edição ontem (22/06), o áudio é um dos elementos da operação Régin, conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para investigar sobre um suposto esquema de corrupção montado na Secretaria dos Transportes na gestão de Fraga, durante o antigo governo Arruda. Com a participação do secretário, o grupo cobraria cifras milionárias de cooperativas de micro-ônibus.

A gravação teria sido feita em 2009 pelo então presidente da Cooperativa dos Profissionais Autônomos do Transporte Alternativo do Gama (Coopatag), Josenildo Batista. Conforme a denúncia da operação Régin, no áudio Fraga mostraria desconfiança de receber propina menor do que o valor repassado para o então subsecretário, Júlio Urnau. As cooperativas seriam forçadas a pagar para participar da transição do modelo de transporte das vans para micro-ônibus.

Fraga estaria cobrando explicação de um representante das cooperativas. “Você teria dado pro Júlio R$ 1,5 milhão?”, questiona o secretário. “Hum hum”, responde o representante, na sequência, ele revela que outra pessoa teria colaborado com a propina. “É. Não foi só eu quem dei, né?”, completa. Fraga então pergunta se outro interlocutor teria repassado R$ 1,7 milhão para o subsecretário.

Fraga demonstra desconforto com a situação. “Agora está explicado. As coisas acontecendo. E eu com cara de babaca aqui, entendeu? E o cara… Você veja, o cara ganhou com isso aí… O quê que acontece? Ele ganhou muito mais dinheiro… Vamos dizer assim… É… Do que o próprio secretário”, diz Fraga. O secretário fala pontualmente que Urnau deitou e rolou. “É por isso que o Arruda constantemente me dá uma espetada”, desabafa.

Na reportagem da TV Globo, a defesa de Fraga nega que ele tenha cobrado propina nas gravações. O advogado declara que o cliente estaria revoltado com a suspeita de que o secretário-adjunto estaria recebendo propina. O tom jocoso seria de indgnação de Fraga.

Saiba mais

  • O MPDFT denúncia, além de Fraga, Julio Urnau e o ex-assessor José Geraldo de Oliveira Melo. O Jornal de Brasília procurou o deputado para comentar o caso, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem não conseguiu localizar os demais citados.
  • Do ponto de vista político, este novo desdobramento da Régin atinge diretamente o movimento de Fraga para construir uma chapa majoritária na eleição para o governo do Distrito Federal em 2018.
  • A substituição do serviço de vans por micro-ônibus foi uma das principais bandeiras de Fraga no comando da Secretaria dos Transportes.

Suborno teria sido pago até no Zoológico

A operação Régin aponta que a Coopatag teria sido forçada a pagar R$ 800 mil para o suposto esquema. A quantia era exigida para a transferência de um dos lotes do serviço de micro-ônibus, vencido por outra cooperativa. Segundo o Ministério Público, Fraga teria incumbido Urnau e um assessor da pasta a negociar os pagamentos, justamente para não ficar exposto e desta forma não ser vinculado aos crimes.

O dinheiro teria sido pago em três parcelas. De acordo com a denúncia, a primeira foi quitada no estacionamento do Aeroporto Internacional de Brasília, no valor de R$ 200 mil. O dinheiro foi entregue nas mãos de um laranja do ex-assessor. As demais partes foram pagas no Zoológico e em um ponto do Núcleo Bandeirante.

O presidente da Coopatag teria registrado todos os passos dos supostos pedidos de propina. A partir de uma diligência da Polícia Civil na casa do cooperado, a investigação teria em mãos 13 arquivos com gravações.

O Ministério Público formalizou a denúncia da operação Régin em 2011. Atualmente o caso está no Supremo Tribunal Federal sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes. Os denunciados são acusados de organização criminosa e pelo crime de concussão, no qual um representante do Poder Público cobra vantagem para selar contratações.