Servidores do Hospital de Taguatinga, no DF, fazem ato contra superlotação

Grupo diz que funcionários são insuficientes para atender à demanda da unidade. Secretaria de Saúde nega falta de efetivo, e diz que novos servidores devem tomar posse nesta terça
Por G1 Foto: Reprodução/Divulgação – 06/06/2017 – 07:06:56

Servidores do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal, fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (5) para denunciar problemas como superlotação das alas e falta de condições de trabalho. Segundo os técnicos e enfermeiros, 190 pacientes foram internados em um único dia – o pronto-socorro tem 64 leitos.
Imagens enviadas ao G1 mostram pacientes internados nos corredores do hospital, em leitos improvisados. Em nota, a Secretaria de Saúde diz que a superlotação é causada por “uma série de fatores”, incluindo a crise financeira e o aumento no número de dependentes da rede pública.
“Em torno de 75% da população do Distrito Federal é SUS-dependente”, diz o comunicado da pasta. Segundo o governo, a proporção é ainda maior no Entorno, onde 9 em cada 10 pessoas dependem da rede pública. A secretaria também fala em uma “prática cultural hospitalocêntrica” – quando as pessoas deixam de procurar os centros de saúde e levam problemas simples para os hospitais.
A nota enviada ao G1 pela secretaria também nega as alegações de baixo efetivo, feitas pelos próprios servidores. Segundo o governo, o hospital de Taguatinga tem cerca de 2 mil servidores, e “isso não é pouco”. Dos 700 profissionais que devem tomar posse nesta terça (6), parte será destinada à unidade.
Superlotação
Em um dos vídeos enviados, um servidor que não quis se identificar mostra o box de emergência do HRT superlotado de macas e pacientes. Ele diz que a sala deveria suportar até 6 pacientes, mas tinha 14 pessoas internadas no momento.

 

Técnico administrativo e diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Jefferson Bulhões trabalha no HRT há 32 anos e disse que a situação é grave e que “ultrapassa as condições físicas de trabalho”.
“Nunca vi situação parecida. Chegamos a 95 pacientes para cada auxiliar de enfermagem porque, normalmente, são dois técnicos por turno. Os conselhos orientam 6 pacientes por cada auxiliar”, diz.
Outra dificuldade relatada por ele foi o atraso de pagamentos das horas extras. O excedente da carga horária trabalhada em dezembro, por exemplo, só foi pago no último mês. Ele relatou ainda falta de materiais básicos, como agulhas para injeções.
Internação ‘em pé’
Outro servidor que não quis se identificar disse que, desde que começou a trabalhar no hospital de Taguatinga, a situação é de superlotação. “Faltam funcionários. Temos que internar paciente grave em pé, porque não tem maca. O box de emergência deveria atender no máximo quatro pacientes, e a gente atende 20″, afirma.
“Já presenciei pacientes com parada cardíaca, que tiveram que ser reanimados no chão por que não tinha maca para colocar eles. Paciente sendo entubado no chão por que não tinha lugar para atender”.
Questionada sobre a falta de materiais, a Secretaria de Saúde afirmou que, ao contrário do que relatam os funcionários, a maioria dos insumos está disponível.
“Atualmente, 83% dos materiais estão disponíveis. Na atenção primária, esse índice de abastecimento é de 98%”, diz a pasta. Apesar disso, o governo diz reconhecer que houve atraso no reabastecimento de alguns produtos, porque as compras foram questionadas por órgãos de fiscalização.
O comunicado enviado pela Secretaria de Saúde também confirma o atraso no pagamento das horas extras, e diz que as dívidas serão normalizadas “à medida que houver repasse de verba para a SES-DF”.