Arruda, Filippelli e Agnelo são transferidos para a carceragem do DPE

Fotos: Reprodução/TV Globo/Kleber Lima

Os ex-governadores José Roberto Arruda (PR), Agnelo Queiroz (PT), e o ex-vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), foram transferidos para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, na manhã deste sábado (27). Na sexta, eles tiveram a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias. Cláudio Monteiro, Nilson Martorelli e Fernando Queiroz também foram transferidos.

A mudança foi autorizada pela Vara de Execuções Penais (VEP) sob o entendimento de que as celas da Superintendência da PF são para presos ficarem por pouco tempo. Os seis estavam detidos lá desde terça-feira (23), quando foi deflagrada a Operação Panatenaico, que investiga desvios de recursos públicos na obra da reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014.

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Breno Esaki/Jornal de Brasília

O estádio é o mais caro de todas as arenas reformadas para o mundial. O custo total saiu por mais de 1,8 bilhão, sendo que o orçamento inicial era de R$ 600 milhões. O superfaturamento, portanto, pode ter chegado a quase R$ 900 milhões. Segundo a linha de investigação da PF, agentes públicos, intermediados por operadores de propinas, realizaram conluios para simular procedimentos previstos em edital de licitação.

Na quinta, dos dez presos, três deixaram as dependências da PF para irem para o DPE. Os presos dividem duas celas, sem direito a banho quente. Eles têm quatro refeições por dia: café da manhã, quando são servidos pão com manteiga e café com leite; almoço, com marmita composta por feijão, macarrão e salada, além de suco. No jantar, a refeição do almoço se repete.

Confira a lista com os nomes dos investigados e suas funções

Prisão Preventiva:

José Roberto Arruda (ex-governador): De acordo com a investigação, Arruda quando então governador em 2009 e 2010, teria sido quem tramou toda a “fraude licitatória” ao articular a saída de outras construtoras e determinar as Construtoras AG e Via Engenharia como vencedoras do processo, “mediante recebimento de propina”. “Todos os elementos até agora juntados sinalizam para o fato de que Arruda liderou no início a associação criminosa em conluio com as Construtoras, havendo indícios de práticas suas de delitos de fraude à licitação e lavagem de dinheiro”, diz a PF.

Agnelo Santos Queiroz (ex-governador): Foi o governador que construiu o Estádio. Nas palavras da delegada, “executou a obra bilionária”. Agnelo teria articulado na Câmara Legislativa para que a Terracap pudesse executar a reforma do Mané para a Copa do Mundo. De acordo com a investigação, o ex-governador recebeu “milionária propina”, por meio de seu interlocutor mais usual, Jorge Luiz Salomão.

Nelson Tadeu Fillipelli (ex-vice-governador): Fillipelli teria se associado e cometido delitos de corrupção e lavagem de dinheiro, tendo feito diversos pedidos de propina da Andrade Gutierrez. “Inclusive recebera propina para o seu partido PMDB, entre 2013 e 2014, tendo recebido valores ilícitos também da Construtora Via Engenharia tudo em função da realização das obras e na execução do contrato licitatória em que as duas Empresas saíram vencedoras e executaram a obra hiperfaturada”, informa o relatório da investigação.

Maruska Lima de Souza Holanda (ex-presidente da Terracap): Como apontam os documentos, ex-presidente da Terracap e que exerceu outros cargos relevantes no GDF, foi integrante da Comissão de Licitação que consagrou as Empresas Via Engenharia e Andrade Gutierrez como vencedoras do certame da Construção do Estádio. Maruska “na qualidade de diretora da Novacap e depois presidente da Terracap teria recebido valores ilícitos, tanto da Via Engenharia, quanto da Construtora AG, tudo a apontar que pode ter incorrido nos delitos de corrupção, fraude à licitação, associação ou organização criminosa e lavagem de dinheiro”, acrescenta a delegada da PF.

Nilson Martorelli (ex-presidente da Novacap): outro Diretor, então Presidente da Novacap e igualmente ocupante de outros cargos executivos no GDF, bastante ligado à obra teria recebido propina durante os aditamentos contratuais da reforma do Estádio Mané Garrincha.

Jorge Luiz Salomão (intermediário de Agnelo): Salomão, de acordo com os autos, teria sido o “intermediário sistemático e usual do então governador Agnelo Queiroz no recebimento dos valores das Construtoras”. Jorge teria recebido “em mãos”, no canteiro de obras, “vultosos valores de propina destinados ao ex-governador”.

Sérgio Lúcio Silva de Andrade (interlocutor de Arruda): Consta no relatório da investigação que Andrade é “apontado como o operador de José Roberto Arruda na segunda fase de pedido de propina, a partir de 2013: era o interlocutor; a pessoa próxima e de confiança do ex-governador; era quem pedia e recebia o dinheiro para o ex-governador, inclusive lhe foi repassado um valor de dois milhões de reais diretamente de funcionários das Construtoras”.

Francisco Cláudio Monteiro (ex-secretário da Copa): Liderado e chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Monteiro foi o representante do GDF para a Copa do Mundo e segundo relatos de colabores, teria recebido a pedido de Agnelo, o valor de R$ 250.000,00.

Fernando Márcio Queiroz (dono da Via Engenharia): Proprietário da Empresa Via Engenharia, o empreiteiro participou de toda a história criminosa da Construção do Estádio de Brasília, segundo aos autos, desde o governo de Agnelo até o de Arruda. Também há “indícios de que teria corrompido, sempre por meio do seu Diretor Alberto Nolli, a então Presidente da Terracap Maruska Lima e o Presidente da Novacap Nílson Martorelli”.

Afrânio Roberto de Souza Filho: Era o operador financeiro do então vice-governador Tadeu Fillipelli, “tendo recebido da Construtora Andrade Gutierrez dezenove pagamentos de propina, no percentual de 4% de cada medição, o que revela indícios de que tenha cometido os delitos de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa”.

Condução coercitiva:

José Wellington Medeiros de Araújo; desembargador do TJDFT que foi aposentado compulsoriamente por suposto envolvimento com grilagem de terra no DF

Luiz Carlos Barreto de Oliveira Alcoforado; advogado de Agnelo Queiroz

Alberto Nolli Teixeira; diretor de construção da Via Engenharia

As medias foram solicitadas pela delegada da Polícia Federal Fernanda Costa de Oliveira e expedidas pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira da 10ª Vara Federal do Distrito Federal.

Panatenaico

O nome da operação é uma referência ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos. A história desta arena utilizada para a prática de esportes pelos helênicos, tida como uma das mais antigas do mundo, remonta à época clássica, quando estádio ainda tinha assentos de madeira. A construção foi toda remodelada em mármore, por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C. e foi ampliado e renovado por Herodes Ático, no ano 140 d.C., com uma capacidade de 50 mil assentos. Os restos da antiga estrutura foram escavados e restaurados, com fundos proporcionados para o renascimento dos Jogos Olímpicos. O estádio foi renovado pela segunda vez em 1895 para os Jogos Olímpicos de 1896. Fonte: Jornal de Brasilia

 

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