Brasília: a cidade dos dossiês

     

    Por Fred Lima

    A cidade sonhada por Dom Bosco, que manava leite e mel, nos últimos oito anos parece só estar jorrando especulação dos seus belos chafarizes. Tudo começou com a eclosão da Operação Caixa de Pandora em 2009, derrubando o então governador do DF, José Roberto Arruda. O governo Agnelo aparentava ter dado um jeito nos especuladores de plantão e na imprensa, que foram bastante dóceis durante o seu período no Buriti, com exceção da mídia alternativa, que foi o seu calcanhar de Aquiles.

    A produção de dossiês existiu durante as eras Roriz e Cristovam, mas foi a partir do governo Arruda que a política especulatória tomou conta da cidade. Ao contrário de antes, hoje é bem fácil gravar um político. Basta apenas utilizar o gravador de um smartphone.

    Com o estouro da Operação Drácon, a especulação voltou à tona e, com ela, a produção de dossiês, que atrapalha ainda mais o desenvolvimento da capital. Uma crise política é capaz de paralisar o Executivo e o Legislativo, dependendo da sua intensidade, o que acaba prejudicando a população. Será que os produtores de dossiês, personagens do submundo da política, não dão a mínima para isso?

    Dossiê e denúncia são coisas distintas. Se existe material que pode colocar políticos atrás das grades, deve ser apresentado imediatamente aos órgãos policiais. Agora, forjar cenários para comprometer a imagem pública de uma autoridade, é coisa de gangster. Portanto, não existe nenhuma relação entre documentos utilizados fora de contexto e acusação embasada.

    Dossiê nunca foi sinônimo de tramoia, mas no universo político acabou recebendo esse significado. Corre o risco de a Pandora inocentar o ex-governador Arruda, assim como a Drácon não conseguir provar tudo o que se investiga.

    Quando a denúncia não visa em primeiro lugar o interesse público, mas o pessoal, ainda mais sendo feita com achaque, sua conclusão pode ser decepcionante.

    Brasília está deixando de ser a capital do país para se tornar a capital dos dossiês políticos.

    Fonte: Blog do Fred Lima