GDF teme aparição de novos áudios

    Distritais insistem em criação de CPI

    marcosdantas:audioAinda rende debate o vazamento de gravações de uma reunião realizada no gabinete do governador Rodrigo Rollemberg com os deputados distritais. Parlamentares que assinaram um requerimento para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pressionam por uma investigação também na Câmara Legislativa.

    Ontem, chegaram a protocolar o pedido para instalação da CPI, em um requerimento com 22 assinaturas…

    Distritais se irritaram com a divulgação, por um perfil falso no Facebook, de áudios gravados na reunião. Neles, deputados reivindicavam mais espaço no governo.

    “Trata-se de um fato grave, que expõe as vísceras do Poder Executivo e do Poder Legislativo também”, dispara o distrital Wellington Luiz (PMDB). Independentemente da investigação iniciada pela Polícia Civil, a pedido do governador, ele acha que os distritais devem insistir na CPI. “São ações independentes, com objetivos distintos. Enquanto a polícia investigará as implicações criminais, a Câmara avaliará as questões políticas”, ressaltou.

    Não faz sentido

    O petista Ricardo Vale engrossou o coro. Para ele, não tem sentido recolher a assinatura de quase toda a Casa – apenas os deputados Agaciel Maia (PTC) e Júlio César Ribeiro (PRB) não assinaram o requerimento – e não abrir a CPI. Ontem, ele ameaçou retirar o nome, caso a investigação não prospere.

    Bispo Renato, que procurou os deputados para pedir as assinaturas, disse que não basta protocolar: “Temos que ver se vai torná-la viável”, argumentou.

    É preciso fazer escolhas

    Segundo o Regimento Interno da Casa podem tramitar apenas duas CPI’s ao mesmo tempo. Com a instalação da comissão que investiga a última licitação para o transporte público na Casa, é possível abrir mais uma. Mas a dos grampos pode ser inviabilizada pela intenção de se investigar a área de saúde.

    Nos bastidores, há quem aposte que a insistência nesta CPI não passa de teatro dos distritais. A própria presidente da Casa, deputada Celina Leão – que não apareceu ontem na Câmara, por estar, segundo a assessoria, com problema de saúde – já havia dito que é preciso esperar a investigação da Polícia Civil.

    Avalia-se que a instalação desta CPI traria ainda mais desgaste para a relação entre Palácio do Buriti e Câmara Legislativa.

    GDF teme aparição de novos áudios

    O governo teme o surgimento de novos áudios de conversas entre os deputados distritais e a cúpula da gestão Rollemberg. Por enquanto, o receio não repousa sobre o conteúdo dos diálogos, mas sim pelos novos golpes na frágil relação entre o Executivo e Legislativo. “Eu prefiro acreditar que não tenha mais nenhuma gravação”, observou o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas.

    Ele tem trabalhado com esforço para restabelecer a boa relação e conquistar a confiança dos deputados distritais. O surgimento de novos áudios poderia expor ainda mais essa fragilidade.

    Sobre o conteúdo de eventuais novos áudios, Marcos Dantas declarou que o tema não tira o sono do governo. Mas a questão da segurança sim. “A quem interessa criar esse clima? Isso que a gente precisa descobrir também. No momento, em que atravessamos tantos problemas e estamos superando todos os problemas, agora tem essa prática atrasada, condenada por quem pratica a democracia e quem quer o Estado de Direito”, disse Dantas.

    Tempo

    Na opinião do secretário, existem grupos que apostam no “caos” do Distrito Federal. Nesse sentido, ele afiançou que o governo está empenhado em descobrir a autoria dos vazamentos pelas investigações da Polícia Civil.

    Para o secretário, é preciso deixar que os investigadores levem o inquérito no tempo necessário para evitar acusações equivocadas.

    Procurada, a Polícia Civil não se manifestou sobre o andamento das investigações. O diretor-geral Eric Seba já havia dito que não teria como precisar o tempo para que os trabalhos fossem concluídos.

     
    Fonte: Por Millena Lopes e Francisco Dutra/Jornal de Brasília