Júlio César: presidir é depois. O governador vai ter muita dificuldade…

    Entrevista de Júlio César: presidir Câmara é ideia para depois;
    Mais votado dos distritais acha viável que evangélicos tenham uma ação parlamentar conjunta

    Mesmo após seu partido tê-lo citado como candidato à presidência da Câmara Legislativa, o deputado distrital mais votado, Júlio César Ribeiro (PRB), garante não estar na disputa. Mas isso também não significa que assumir um cargo no governo de Rodrigo Rollemberg seja uma alternativa para o ex-secretário de Esporte. Integrante da futura bancada evangélica, ele não vê uma rejeição da população ao segmento. Muito pelo contrário. “Se existisse, não haveria sete deputados eleitos com voto evangélico. Não acho que é isso que está acontecendo. A população já começou a ter uma simpatia por nós”, opinou.
    Como será o seu mandato na Câmara Legislativa? O esporte será prioridade?
    É uma das áreas que quero dar toda a atenção, porque não posso deixar de prestigiar os eleitores da área. Como secretário do Esporte que fui, ajudei a fomentar o esporte de Brasília. Queremos abranger diversas áreas, como saúde, transporte. Mas o esporte corre nas veias.
    Como está a sua aproximação com o governo Rollemberg?
    Está muito bem desde o segundo turno. No primeiro, continuamos na base do Agnelo. Já no segundo, houve um contato do presidente (do PRB, Wanderley Tavares) com o governador Rollemberg e ele entendeu que o programa apresentado estava de acordo com aquilo que o PRB acredita. Eu, particularmente, estive presente com ele em alguns eventos e acredito que o PRB vai ocupar um espaço importante neste momento.
    O governador eleito prometeu o fim dos cabides de emprego e da negociação por cargos. É possível governar desse jeito, sem tantos deputados na base?
    O que o Rodrigo vem falando e demonstrando é o que a população quer. Esse discurso agradou a população que o elegeu. Eu acho que neste momento que Brasília está vivendo, sem dúvida alguma, o melhor é enxugar o Estado para fazer uma política voltada à população. É claro que vai precisar da Câmara. Ela não pode ser um puxadinho do governo e temos que lutar pela independência. Não pode ser como foi na atual gestão. Acredito que ele não vai ter o mesmo número de deputados na base como teve o Agnelo. Mas é melhor ter uma Câmara independente. Se você tem todos na mesma base, fica até difícil cobrar alguma coisa do governo. Não é o fato de eu estar na base que vou aceitar tudo do governador. Tem de ver o que é melhor para a cidade.
    O senhor conhece a estrutura do governo e sabe bem como funciona esse loteamento dos órgãos. É possível que se dê um basta imediatamente nisso?
    Acredito que não em um primeiro momento. É muito difícil que isso venha a acabar, mas é uma ideia do governador, que também quer que a população participe da escolha dos administradores. Seria muito mais justo se isso acontecesse. Não seria fácil como em um passe de mágica, mas o ideal para que Brasília pudesse crescer.
    Qual é a formula ideal para a escolha dos administradores?
    Do jeito que está sendo feito, o governador vai ter muita dificuldade. Em algumas cidades, existem 30 ou 40 indicados. Eu confesso que ainda não tenho o modelo exemplar. Sou novo em Brasília. Estou analisando todos os aspectos. Mas acredito que ele vai ter muita dificuldade em escolher. Se conseguir chegar a três nomes em cada cidade, para que ele pudesse indicar, seria o ideal.
    Existe possibilidade de assumir alguma secretaria no governo Rollemberg?
    Não. Acho muito improvável. Fui eleito por 29.384 pessoas que acreditaram em minhas propostas. Eu acho que ir para qualquer cargo no governo soaria como uma traição. Então eu não penso, hoje, em ocupar nenhum cargo. Quero estar na Câmara, porque foi ali que a população escolheu para eu ficar.
    Na verdade, participei apenas no início. Estive nas primeiras conversas, mas logo saí para ser candidato. Sinceramente, não tenho ideia. Sei que foi firmado um compromisso para a realização da Formula Indy e algo que esse governo tem que tentar é que a suspensão seja retirada, porque vai trazer vários prejuízos. Eu sei que tem que ser feita uma reforma gigantesca lá. E, Brasília já espera que esse evento aconteça.
    A reforma está orçada em algo em torno de R$ 320 milhões. Um investimento como esse tem retorno para cobrir esses gastos?
    Tem que ver qual a quantidade de tempo para esse retorno. Talvez de imediato, acho que não. Assim como aconteceu com o estádio. Sem dúvida alguma, um evento como a Formula Indy vai trazer muitos turistas, fomentar a economia local. Eu defendo que devemos tentar trazer para Brasília diversos eventos. Cito o UFC. Eu estive em Goiânia, conversando com os organizadores e nós conseguimos trazer o evento em outubro, com custo praticamente zero. Na verdade, eles têm retorno na bilheteria, venda de produtos, pay per view. Acho que tem ser sem gastos grandes. Agora, claro que um investimento de R$ 300 milhões é muito grande, principalmente se olharmos a situação que Brasília está vivendo. Talvez, poderia deixar para outro momento. Mas se existe um contrato, precisamos cumprir, até porque os problemas poderiam ser maiores ainda.
    Neste momento, não seria ruim para a imagem do governo o gasto com o autódromo?
    Nós não temos a ciência de que existe essa dívida. Uns dizem que existe. Temos visto vários serviços sendo paralisados. Por outro lado, temos a Secretaria de Comunicação dizendo que tudo está tudo sob controle. Temos que ver quem fala a verdade. Se realmente há dívida, não seria interessante um investimento desse. Mas se estiver tudo equacionado, pode ser feito, porque é um evento sensacional para Brasília.
    Qual será o primeiro projeto como deputado distrital?
    Eu confesso que tenho uma série de ideias, porque estive andando em todas as regiões administrativas, inclusive agradecendo a minha votação, e conheço as dificuldade. Fui ao Pôr do Sol, Sol Nascente, Fercal e consegui ter um material das muitas necessidades de cada região administrativa. Os  técnicos estão estudando para ver o que é viável.Tenho ideias para o esporte, que precisa ter mais ferramentas, porque é uma iniciativa ótima contra as drogas.

    Fonte: Jornal de Brasília