Brasilienses iniciam campanha nas redes contra candidatos sujões

    Na tentativa de se fazerem conhecidos e lembrados, concorrentes a cargos públicos espalham propagandas pelas ruas. Incomodados com proliferação de faixas, panfletos e cavaletes, cidadãos iniciaram um movimento contra a poluição

    Moradora de Taguatinga, Venilde Araújo diz que não escolhe candidato pela imagem (Saulo Araujo/CB/D.A Press)

    Moradora de Taguatinga, Venilde Araújo diz que não escolhe candidato pela imagem

    A temporada de poluição eleitoral começou no Distrito Federal. Em época de campanha, fica difícil não olhar para os lados sem se deparar com cavaletes, placas ou faixas de candidatos. Para tentar chamar a atenção dos eleitores, alguns dos aspirantes aos cargos do poder ultrapassam os limites e irritam a população. Em Ceilândia, material de candidatos atrapalha a visibilidade de motoristas em cruzamentos e retornos. No Guará, calçadas são ocupadas por propagandas e, em Taguatinga Norte, a entrada da Feira Permanente está tomada por cartazes de um concorrente à Câmara Legislativa.

    Desde 6 de julho, quando a campanha foi autorizada, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recebeu 297 denúncias de propaganda irregular. Mesmo as autorizadas pela justiça eleitoral não contam com tanta simpatia dos brasilienses. O técnico em enfermagem Vítor Hugo Campos, 21 anos, passa todos os dias a pé pelo centro de Ceilândia, agora tomado por cavaletes de dezenas de candidatos. Para ele, o efeito da propaganda é inverso. “Eu, particularmente, não voto em candidato que deixa a minha cidade horrorosa e que atrapalha a minha passagem. Ainda não escolhi meus candidatos, mas a minha única certeza é de não votar nesses”, disse.

    Placas espalhadas no centro de Ceilândia chamam a atenção de pedestres (Saulo Araujo/CB/D.A Press)

    Placas espalhadas no centro de Ceilândia chamam a atenção de pedestres

    Protesto na rede

    Nas redes sociais há vários movimentos que condenam a prática e estimulam eleitores a enviar fotos das propagandas consideradas inadequadas. Um evento virtual batizado de “Nesse eu não voto” conta com centenas de postagens com críticas a candidatos que “sujam” a cidade. O criador da página, o empresário Daniel Zukko, 34 anos, explica que teve a ideia após receber, pelo telefone celular, uma mensagem de texto assinada por uma distrital concorrente à reeleição. “Se essa pessoa utiliza métodos duvidosos para conseguir o meu número e invadir a minha privacidade, imagina o que ela faz no poder?”, reclamou.

    Outra página que conta com quantidade razoável de seguidores é a “Diga não ao candidato sujão”. Os autores das postagens usam textos irônicos e resgatam discursos dos políticos —muitos em defesa de uma cidade mais limpa — para repudiar o método de campanha.

    Para o técnico em enfermagem Vítor Campos, propaganda de mais tem efeito inverso (Saulo Araujo/CB/D.A Press)

    Para o técnico em enfermagem Vítor Campos, propaganda de mais tem efeito inverso

    FONTE: correio brasiliense