Decisão de André Vargas de não renunciar ao mandato irrita petistas


    Atitude levanta várias dúvidas sobre os próximos passos do deputado. Integrantes do partido avaliam que a estratégia política está equivocada
      

    Vargas só formalizou ontem a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara (Carlos Moura/CB/D.A Press - 2/4/14)

    Vargas só formalizou ontem a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara
    Ex-secretário de comunicação do PT e ex-vice-presidente da Câmara — formalizou ontem, com um atraso de uma semana em relação ao anúncio, a renúncia ao cargo na Mesa Diretora —, André Vargas (PR) tornou-se um fantasma desgovernado que assombra o próprio partido e as campanhas eleitorais de outubro, tanto a federal quanto as estaduais. Desde que foi flagrado pela Polícia Federal em conversas suspeitas com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava-Jato, Vargas assumiu uma postura bipolar, que vai da depressão à disposição ao enfrentamento, deixando seus companheiros de legenda sem saber como agir.
    No início da noite de ontem, ele assegurou ao líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), que não renunciará ao mandato. Frustrou, com isso, as expectativas expressas pelo próprio Vicentinho, horas antes. “A nossa expectativa é de que ele renuncie ao mandato, até para não ficar sangrando permanentemente. A renúncia ao mandato será melhor para ele. Não é declaração de culpa, mas é um sangramento desagradável para ele. Não queria estar no lugar dele”, resumiu o líder da bancada petista.

    Segundo interlocutores do partido, Vargas perdeu-se em uma estratégia política errada, foi atropelado pelos fatos e passou a avaliar de forma equivocada as consequências. Uniu-se a um grupo restrito de deputados — os mesmos que o ajudaram a eleger-se para a vice-presidência da Câmara — e fechou os ouvidos às instâncias decisórias do partido. “Vargas não ouve mais o Lula, o Rui (Falcão, presidente do PT) nem o Vicentinho (líder da bancada da qual faz parte). Isolou-se de vez”, resumiu um parlamentar petista. Falcão, inclusive, defende a renúncia do parlamentar.

     
    FONTE: CORREIO