Polícia vai ouvir ex-secretários para apurar fraude de R$ 19 milhões na Educação

        

    Seis pessoas foram detidas preventivamente e estão na carceragem do Departamento de Polícia EspecializadaDivulgação / PCDF

    A PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) deve ouvir nos próximos dias cinco ex-secretários e chefes das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda que assinaram convênios no esquema fraudulento que desviou quase R$ 20 milhões dos cofres públicos entre 2004 e 2011.

    Os trabalhos estão sob responsabilidade da Deco (Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado), que deflagrou na manhã desta quarta-feira (29) a operação Gota D´Água. Até o momento, seis pessoas, incluindo a presidente, a cofundadora e um diretor administrativo da instituição, foram presas. A fraude aconteceu entre uma associação e a Secretaria de Educação do Distrito Federal.

    O delegado responsável pelo caso, Fábio Santos, explicou que todas as pessoas que assinaram os convênios com a creche Gotinha de Luz, mantida pela Associação Assistencial de Santa Maria (DF), serão intimadas a depor para prestar esclarecimentos.

    — Essas pessoas assinaram os convênios e tiveram os nomes publicados no Diário Oficial. Precisamos entender o porquê elas assinaram esses documentos e qual participação ou envolvimento delas nesse esquema.

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    As investigações começaram quando o setor de prestação de contas da Secretaria de Educação identificou diversas irregularidades nas contas da creche Gotinha de Luz. Os dados foram repassados à promotoria de fundações que solicitou a abertura do inquérito policial.

    — Ontem prendemos seis pessoas e fizemos oitivas ao longo de todo o dia. Ouvimos também, em depoimento, além dos detidos, outras sete pessoas.

    Santos explicou que durante a vigência do convênio de prestação de serviços entre a associação e a Secretaria de Educação, mais de 80% do valor repassado para a realização dos serviços foi desviado para outras finalidades, uma vez que depósitos e transferências da conta da creche para contas pessoais dos gestores da associação foram identificados por meio de quebra de sigilo bancário.

    — No primeiro ano de convênio, em 2004, os repasses do convênio eram de R$ 426 mil. Em 2011, esse valor subiu de forma exorbitante para R$ 4 milhões. Pelo menos R$ 400 mil foram para as contas particulares dos gestores e R$ 8 milhões comprovadamente desviados. Esses valores, porém, podem aumentar ainda mais no decorrer das investigações.

    Estão detidos na carceragem do DPE (Departamento de Polícia Especializada), de forma preventiva, a presidente da associação Marieta Cortez Ferreira, a cofundadora Eunice Alves da Silva Costa, dois representantes do conselho fiscal, Miraci Oliveira Marques e Paulo Henrique Braga Barbosa, e dois diretores, Tatiana Cortes e Ferreira (filha da presidente)e Roberto Airton Rodrigues Braga. Os suspeitos devem ficar presos por cinco dias, tempo que a polícia prevê para investigar e confrontar todas as versões apresentadas.

    — Também estamos atrás de outros servidores, laranjas e pessoas que tenham se beneficiado, de alguma forma, com esse esquema. Continuamos apurando outras transferências bancárias e saques em caixas eletrônicos. Acreditamos, neste momento, que pelo menos outras 30 pessoas tenham envolvimento com essa fraude.

    Santos citou o nome dos ex-secretários e chefes de ex-secretarias que assinaram convênio com a associação, mas ainda não marcou uma data para eles serem intimados.

    — Queremos ouvir em tempo oportuno Eliana Pedrosa, Regina Vinhaes Grancindo, José Luiz Valente, Eunice de Oliveira Ferreira Santos e Ruinther Jaques Sanfilippo. Precisamos ouvir dessas pessoas como eram feitas as fiscalizações.

    fonte: http://noticias.r7.com/distrito-federal/policia-vai-ouvir-ex-secretarios-para-apurar-fraude-de-r-19-milhoes-na-educacao-30012014